A época é de férias e o destino da maioria dos brasileiros não poderia ser outro: o litoral.
Em busca de dias tranquilos, longe do trânsito caótico que rodeia nosso cotidiano, é muito comum optarmos por lugares tranquilos e com mais liberdade de locomoção.
Entretanto, tomados pela empolgação da oportunidade de deixar um pouco a cidade para curtir dias ensolarados à beira da praia, é muito comum que alguns motoristas esqueçam de checar certos detalhes, que farão muita diferença quando estiverem na estrada.
Conferir as condições do veículo, por exemplo, é algo que muitas vezes é ignorado pelo condutor.
Antes de pegar a estrada, é necessário que você faça uma revisão no veículo, para evitar dores de cabeça durante o trajeto.
Outra preocupação que se deve ter é quanto ao limite de peso que o veículo pode transportar.
É sempre importante respeitar o limite de carga estabelecido pelo fabricante.
Em épocas de férias, é muito comum carregarmos objetos que normalmente não transportamos, como é o caso das bicicletas.
Não é raro, enquanto seguimos viagem, encontrarmos veículos transportando bikes.
Até mesmo porque ela proporciona momentos de diversão às crianças e aos adultos, uma liberdade pouco sentida durante os prazos, horários e compromissos no decorrer do ano.
Entretanto, para que seus momentos de descanso saiam do jeito que você planejou, saiba que é muito importante escolher um jeito seguro de transportar a sua bike.
Caso contrário, ao voltar para casa, você não terá apenas histórias pra contar, mas também uma notificação de penalidade por não ter cumprido regras estabelecidas na legislação para este tipo de transporte.
Neste artigo, apresentarei diferentes opções de transporte para bicicletas em veículos particulares. Assim, você poderá escolher o suporte mais adequado ao seu estilo de vida.
Também falarei sobre quais penalidades e multas você sofrerá caso infrinja alguma das regras apontadas na legislação.
Um transporte consciente
Considerando as vantagens que o uso da bicicleta proporciona ao meio ambiente, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) atualizou, no ano de 2010, as normas que tratam do transporte de bicicletas em veículos particulares.
A Resolução Nº 349, válida em todo o país, teve suas medidas estabelecidas considerando os benefícios do uso da bicicleta ao meio ambiente, à mobilidade e à economia de combustível.
A resolução está de acordo com uma tendência mundial, já que o uso da bicicleta tem crescido de forma consciente no mundo.
Entretanto, não é apenas o uso da bike que deve ser consciente, mas também seu transporte, quando necessário.
Conforme a Resolução 349, ao transportar a bicicleta, você deve respeitar o peso máximo especificado para o seu veículo.
A resolução também estabelece que, ao ser acoplada ao veículo, a bike não deve atrapalhar a visibilidade da placa, nem comprometer a estabilidade ou a condução do automóvel.
Se mesmo assim não for possível deixar de esconder a placa, o motorista deverá utilizar uma segunda placa. Falarei mais sobre isso em seguida.
A legislação também estabelece que, ao transportar a bicicleta, você deve tomar bastante cuidado, pois as luzes de freios, os indicadores de direção e os dispositivos refletores não devem ser ocultados.
Ao transportar bikes na parte externa do veículo, o Contran estabelece a necessidade de elas estarem fixadas em dispositivos apropriados, móveis ou fixos, aplicados diretamente no veículo ou acoplados ao reboque.
Estes dispositivos são chamados de racks e estão presentes no mercado em diversos modelos, provocando, muitas vezes, dúvidas entre os motoristas.
Ainda não escolheu o modelo ideal?
Conheça abaixo os modelos e suas especificidades.
Escolhendo o rack ideal
É muito importante que, antes de adquirir um suporte, você conheça os aspectos e estilos disponíveis.
Para fazer a melhor escolha, você deve levar em consideração o modelo do veículo e o caminho que você vai percorrer, prevendo possíveis imprevistos.
Neste momento, é importante que você conheça a geografia dos lugares que você irá trafegar, pois deve lembrar que, ao acoplar a bicicleta, estará adicionando mais um componente ao seu veículo.
Questões como a visibilidade, a sua segurança e a de seus passageiros devem ser levadas em consideração nesta escolha.
Caso você desobedeça à legislação, não estará apenas cometendo uma infração, mas também poderá provocar algum tipo de acidente na estrada, o que deve ser sempre evitado.
Já consciente de todo este processo, vamos às opções de suportes e suas especificidades.
Suporte traseiro
Vou começar apresentando a você um dos suportes que requer mais cuidados.
Os pontos positivos deste modelo de rack é seu baixo custo e sua praticidade, pois é muito fácil de ser instalado e você não precisará desmontar sua bicicleta ao transportá-la.
Porém, ao instalar, é preciso fixá-lo entre o para-lama e a lataria do veículo, para que não haja nenhum problema com a instalação.
Caso o suporte traseiro adquirido tenha apoio central sobre o vidro do veículo, tenha bastante cuidado, pois, dependendo do peso que você estiver transportando, poderá ser danificado. Evite exageros.
Outro cuidado que você deve ter é quanto à altura ideal para transportar a bicicleta.
Não é permitido que a bicicleta encoste no chão durante o transporte.
Isto porque, caso você passe por algum buraco ou algum tipo de obstáculo, talvez a bike arraste pelo chão e provoque desequilíbrio ao automóvel, ocasionando acidentes.
Assim como expliquei acima, o Contran estabelece que a placa do veículo não tenha sua visibilidade comprometida em situações de transporte.
E isto acontece quando o suporte traseiro é escolhido.
Portanto, você deverá adquirir uma segunda placa.
Ela deverá ser colocada em um lugar visível, podendo ser instalada do lado direito da traseira, no para-choque ou na carroceria do veículo, para que os demais motoristas ou órgãos de fiscalização possam fazer a identificação de seu automóvel.
Por fim, tenha muito cuidado ao estacionar, pois é muito comum que o motorista esqueça que está utilizando o suporte e entre em colisão com outros veículos, ocasionando perdas e danos.
Suporte de teto
Este suporte, como você já deve ter percebido pelas ruas e rodovias, é bastante comum, mesmo que normalmente seja vendido por um custo mais elevado do que o suporte traseiro, por exemplo.
Sua grande vantagem é que ele fica distante da lataria do veículo, sendo mais difícil o risco de perdas em caso de colisões.
O rack de teto também evita que a placa fique sem visibilidade.
Outro ponto positivo é que a porta traseira do seu carro fica liberada, o que ajuda bastante caso você esteja viajando com a família, principalmente com crianças, e precise parar para pegar algum objeto no porta-malas durante o seu trajeto.
Porém, fique atento aos lugares que você for transitar.
Evite caminhos onde você poderá passar por galhos de árvores, para evitar que haja algum tipo de danificação e risco de vida ao tentar desviar.
Uma desvantagem desse modelo de rack é que, diferente do suporte traseiro, ele não tem fácil manuseio, principalmente se você não for uma pessoa muito alta.
Isso poderá ocasionar danificações no veículo, pois, ao tentar alcançar a bike, talvez você acabe riscando o seu carro.
Suporte acoplado ou engate
A principal vantagem desse modelo é que, ao transportar a sua bicicleta, os perigos de danificar o veículo são quase nulos.
Um ponto a destacar é que, diferente do suporte de teto, ele apresenta a vantagem do fácil acesso, pois facilita bastante na hora de acoplar a bike, já que não é necessário, por exemplo, que você faça muita força ao erguer a bicicleta, como acontece no caso do suporte de teto.
Ele também é mais alto do que o rack traseiro, o que facilita na hora de transportar a bicicleta, pois ela não estará tão próxima do chão.
Entretanto, ao instalá-lo, você está comprometendo a funcionalidade do porta-malas e também encobrindo a placa e as luzes do veículo.
Diferente dos outros modelos, ele precisa de uma aprovação do Departamento de Trânsito (Detran), pois nem todos os veículos têm capacidade de tração e estão aptos ao uso de engate.
Você também precisa prever quais caminhos irá enfrentar, pois as chances de colisões aumentam ao utilizar este modelo de suporte, já que ele muda consideravelmente o comprimento do seu veículo.
Transportar a bicicleta dentro do veículo
Não gostou de nenhum modelo apresentado?
Não tem problema, ainda é possível transportar sua bike.
Isto porque na legislação não há nenhum impedimento quanto ao transporte de bike dentro do veículo.
Ao fazer esta escolha, você realmente evita, por exemplo, o custo com o suporte ou a atenção redobrada ao entrar em garagens ou passar por obstáculos na estrada ao utilizar o rack de teto, por exemplo.
Entretanto, há também algumas desvantagens, como, por exemplo, o processo de montar e desmontar a bicicleta.
Dependendo de como será sua rotina no lugar escolhido, talvez o tempo gasto para desmontar, montar e depois repetir o processo não seja muito vantajoso.
Outro ponto negativo é o espaço que a bicicleta irá ocupar no veiculo.
Se você for viajar com a família ou amigos, por exemplo, este espaço poderia estar sendo ocupado por uma pessoa ou, caso você transporte no porta-malas, por outro tipo de bagagem que se faz necessário em viagens deste tipo.
Mas, se mesmo assim você ainda escolher transportar sua bicicleta dentro do veículo, tome cuidado com a forma com que você irá guardá-la caso seja desmontada.
Prenda cada parte para que nenhuma fique solta ao ponto de causar algum tipo de acidente ao atingir você ou seus passageiros.
Segunda placa traseira e régua de sinalização
Como apresentei, caso você utilize o suporte traseiro ou acoplado, provavelmente precisará utilizar uma segunda placa, pois a bike irá impedir que a numeração de seu veículo e as luzes de sinalização fiquem aparentes.
Até abril de 2016, a segunda placa era acoplada ao veículo, em um lugar que fosse possível ser visualizada.
Entretanto, o Contran fez uma modificação na Resolução 349/2010 ao publicar a Resolução 589/2016.
Nessa, o Conselho instituiu que, nos casos em que o uso do suporte inviabilize a placa ou as luzes do carro, será obrigatório o uso de uma régua de sinalização, juntamente com a segunda placa.
A régua deve ter, no mínimo, 1 metro de largura, apresentando, no máximo, o tamanho do veículo, sem contemplar os retrovisores.
É preciso também que a régua apresente um sistema de sinalização paralelo e semelhante ao veículo que você estiver utilizando, para que a visualização do automóvel esteja visível para os outros condutores.
Caso você não utilize essa régua de sinalização, estará cometendo infração gravíssima, pois, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), art. 230, não é permitido transitar com uma das placas do veículo sem legibilidade.
A multa aplicada tem valor de R$ 293,47 e são somados 7 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Está também prevista no CTB, como penalidade, a apreensão do veículo, e como medida administrativa, a remoção do automóvel.
Portanto, ao fazer sua escolha quanto ao suporte, esteja ciente dos cuidados que você precisará ter, pois eles são necessários para que você possa encarar a estrada com segurança.
Outras multas e penalidades
Como comentei anteriormente, ao realizar o transporte de sua bicicleta, você deverá tomar cuidado com a distância que ela estará do chão.
Isto porque caso você deixe a bicicleta arrastando sobre a via, estará cometendo infração gravíssima, com penalidade de multa, como estabelecido no inc. II do art.231 do CTB.
É preciso estar atento também ao tamanho de sua bicicleta em comparação ao seu veículo.
O art.231, no inc. IV, aponta, como infração grave, o ato de transitar com carga que apresente dimensões superiores aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização.
Para este tipo de infração, o CTB prevê, como penalidade, multa de R$ 195,23 e, como medida administrativa, a retenção do veículo para regularização.
Fique também atento ao limite de carga estabelecido pelo fabricante de seu veículo.
No art.231 também está previsto, como infração, transitar com excesso de peso ao transportar algum tipo de equipamento conforme as regras do Contran.
O CTB estabelece que esse tipo de infração tem penalidade média, multa no valor de R$ 130,16, acrescida a cada duzentos quilogramas ou fração de excesso de peso apurado.
Como medida administrativa para este tipo de infração, o CTB prevê a retenção do veículo e o transbordo da carga excedente.
Conclusão
Neste artigo, apresentei a você a Lei 349 do Contran, que estabelece as regras para o transporte de bicicletas em veículos particulares.
Mostrei a você que saber escolher o melhor rack não é uma questão apenas de conforto, mas também de segurança no trânsito.
Imagine você estar em uma rodovia movimentada em um fim de semana e a bicicleta se soltar na estrada, atingindo o veículo que está atrás de você, causando algum tipo de acidente?
As consequências podem ser bem graves, por isso, faça a sua escolha levando sempre em conta a sua segurança e a das pessoas que estão com você.
Você pode perceber que é possível viajar sem cometer infrações ao realizar este tipo de transporte, basta estar atento às regras estabelecidas pela legislação.
Conseguiu decidir qual modelo irá utilizar? Já utilizou algum destes racks? Compartilhe aqui nos comentários sua experiência!
E, caso tenha recebido algum tipo de multa, saiba que eu e a equipe do Doutor Multas estamos aqui para ajudar você a recorrer. Entre em contato!
Referências:
- https://infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_349_10.pdf
- https://infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/Resolucao5892016.pdf