É claro que ninguém precisa saber absolutamente tudo sobre pneus para dirigir um veículo de qualquer tipo pelas vias públicas brasileiras.
Mas também é verdade que esse conhecimento não deixa de ser bastante útil.
Um motorista que entende tudo sobre pneus certamente não sairá de casa sem ter certeza de que eles estão em ótimas condições.
O benefício é uma chance muito menor de se envolver em acidentes.
Porque pneus em mau estado frequentemente resultam na perda do controle do veículo.
Para ter um exemplo da importância do pneu para a estabilidade do carro, imagine que você está dirigindo em uma estrada sinuosa, de muitas curvas.
Você já deve ter reparado que, quanto maior é a velocidade, mais seu corpo é jogado para o lado oposto enquanto a curva está sendo feita, não é mesmo?
O que provoca isso é a força centrífuga, apenas uma das várias leis da física que atuam no deslocamento de um veículo por uma rodovia.
Pois a centrífuga não joga somente o corpo do motorista e passageiros para o lado. Joga o veículo para fora do traçado da curva também.
O que acontece é que, no desenvolvimento do carro, tudo isso é previsto.
Sua suspensão, aerodinâmica da carroceria, freios e outros componentes trabalham para que ele se mantenha na curva, conforme os comandos dados na direção.
Mas o que isso tem a ver com o pneu?
Ele é fundamental para que o veículo não deslize na pista por conta da força centrífuga, porque proporciona aderência ao asfalto.
É claro que o pneu não garante estabilidade em qualquer caso.
Quando alguém entra rápido demais em uma curva, a força centrífuga é maior que a capacidade de aderência do pneu e o resultado é uma derrapagem.
Há outras variáveis além da velocidade que aumentam a probabilidade da perda de controle, como o peso do veículo e, é claro, o estado de conservação dos pneus.
Quanto melhor for o seu estado, maior será a aderência na pista.
E isso serve não apenas para curvas, mas também na aceleração e frenagem.
Quando o carro acelera, o pneu transmite o torque do motor para a pista, empurrando o asfalto para trás e jogando o veículo para frente.
Quando freia, o sentido da força é inverso.
Mas chega de física.
A seguir, falaremos tudo sobre pneus de uma maneira mais prática. Sua origem, seus tipos, componentes, calibragem, alinhamento e mais.
Boa leitura!
Tudo Sobre Pneus – História
Os fabricantes precisam de muita pesquisa e tecnologia para desenvolver os pneus.
É claro que, quando ele foi inventado, em 1845, pelo escocês Robert William Thompson, não era assim.
Tratava-se de um tubo com várias camadas de tela, impregnada com uma solução de borracha. Por fora, ele era revestido com uma camada de couro.
Sua segunda versão era composta por vários tubos de borracha com paredes finas, cheios de ar, também revestidos por couro.
A invenção do escocês era aplicada não em carros – que na época existiam apenas em protótipos, sem produção industrial –, mas sim em carruagens puxadas por cavalos.
Ideias parecidas começaram a ser utilizadas em 1888, quando surgia o automóvel moderno. A Benz foi a primeira fabricante a produzir em massa carros com pneu de borracha cheio de ar.
De lá para cá, muita coisa mudou. Se você pensa que o pneu ainda é composto apenas por borracha está enganado.
Quem sabe tudo sobre pneus entende que ela está presente, sim, mas que eles são compostos por vários tipos de materiais, a maioria sintéticos.
Segundo o site do Sindicato Nacional de Indústria de Pneumáticos (Sinpec), um pneu de um carro de passeio possui 27% borracha sintética e 14% borracha natural.
Outros materiais são negro de fumo (28%), derivados de petróleo e produtos químicos (17%), material metálico (10%) e têxtil (4%).
Claro que essas proporções podem variar conforme o fabricante.
E pneus para veículos destinados ao transporte de cargas são diferentes, pois são destinados a sustentar pesadas cargas, não a trafegar em altas velocidades.
Tipos de Pneus
Para começar, o pneu deve respeitar qual o tipo de veículo.
Motos, vans, ônibus e tratores também utilizam pneus que obviamente são diferentes daqueles usados em automóveis.
Mas mesmo os pneus destinados ao mesmo tipo de veículo têm diferenças entre si.
Eles são desenvolvidos de acordo com a função que desempenharão e as características do terreno em que serão utilizados.
Algumas das principais categorizações são on road, off road e misto. Veja o que distingue um tipo de pneu do outro:
1. On Road
São indicados para os veículos que andarão predominantemente no asfalto e em vias pavimentadas.
Seus sulcos (depois falaremos mais sobre eles) não são tão largos, de modo que a superfície que fica em contato direto com o solo é maior, aumentando a aderência.
2. Off Road
Ao contrário do pneu on road, o off road tem sulcos mais largos, pois é destinado a terrenos sem asfalto – pistas com muita lama, terra ou asfalto.
Eles são muito mais robustos e resistentes, mas não devem ser utilizados no asfalto, caso contrário se desgastarão com muita rapidez.
Vale destacar que, se a sua ideia for andar com o seu automóvel em trilhas e vias com muita lama, buraco e outros componentes de uma típica pista off road, apenas ter o pneu adequado pode não ser o suficiente.
Há muitos terrenos que só podem ser encarados com responsabilidade no volante de um potente veículo 4×4.
3. Misto
Quer usar o mesmo veículo nos dois tipos de terreno?
Então, a melhor opção é o pneu misto, para você não precisar ficar trocando entre on road e off road.
Seus sulcos são mais largos que o on road, mas não tanto quanto o off.
Na realidade, apesar da versatilidade, ele puxa mais para o asfalto.
Se for necessário encarar uma estrada de chão, ele não deixa o motorista na mão. Para trilhas severas, porém, não é adequado.
Radial ou Diagonal?
Outro tipo de divisão é entre os pneus convencionais, que são conhecidos como diagonais, e os radiais.
Os primeiros possuem, por dentro, camadas de lonas – compostas por fibras têxteis – sobrepostas.
Uma passa por cima da outra diagonalmente.
O pneu radial, por sua vez, é uma tecnologia mais avançada, composto por cordas metálicas que ficam dispostas no sentido perpendicular, na direção do centro do pneu.
Desse modo, não se desgastam tão rapidamente e proporcionam melhor desempenho em curvas e resposta mais rápidas em frenagens.
Componentes de um Pneu
Como ressaltamos anteriormente, para saber tudo sobre pneus é necessário entender que de simples eles não têm nada.
Estamos falando tanto da parte externa, que conseguimos enxergar, com o desenho de seus sulcos e ranhuras, quanto da parte interna, com várias camadas.
-
Talão: é a parte internas, que entra em contato direto com o aro da roda. Quando ela trava (em uma frenagem) ou acelera, é a partir do talão que o pneu faz o mesmo;
-
Aro do talão: é um elemento interno do talão, que serve para fixar o talão à roda do veículo;
-
Carcaça: são vários cabos de fibras têxteis colados na borracha. São fundamentais para que o pneu resista à pressão;
-
Lonas: há vários tipos de lonas de reforço que servem para aumentar a proteção e o revestimento do pneu;
-
Banda de rodagem: a parte do pneu que fica em contato direto com o solo. Ou seja, a parte mais externa do pneu, que podemos enxergar;
-
Sulcos: são os buracos, as fendas na banda de rodagem, que acompanham a circunferência do pneu de maneira longitudinal. Sua função é escoar a água para dar maior estabilidade ao veículo;
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Ranhuras: são buracos menores que os sulcos, também na banda de rodagem. Refrigeram os pneus, pois o ar passa por elas.
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Flancos: são componentes de borracha que ficam externamente entre o limite da banda de rodagem e os talões. Protegem o pneu contra choques na carcaça;
-
Ombros: é a “esquina”, a parte que fica entre a banda de rodagem e o flanco do pneu.
Quem sabe realmente tudo sobre pneus pode ir no detalhe e citar outros tantos componentes, mas esses listados acima estão entre os principais.
O Que Significam os Números dos Pneus
Se você for até seu veículo e observar o seu pneu, vai ver uma série de informações impressas na sua lateral.
Para saber tudo sobre pneus, é necessário entender o que elas significam. Vejamos algumas delas:
Medidas
Você vai encontrar marcado em alto relevo no flanco do pneu um número nesse padrão: 175/70R13. Esse é apenas um exemplo, os valores podem variar.
Esse número corresponde às medidas do pneu. No caso dos valores citados, eles correspondem ao seguinte:
-
175: milímetros de largura;
-
70: percentual em relação à largura que indica a altura. Nesse caso, significa que o valor é 70% de 175 mm, que significa 122,5 mm de altura. Ela é medida da parte que encosta no aro até a banda de rodagem;
-
13: polegadas de diâmetro. Significa que o pneu é aro 13.
Pode ser que as medidas estejam expressas de outra maneira, como no padrão 31X10.5R15.
Nesse exemplo, quer dizer que são 31 polegadas de diâmetro total, 10,5 de largura e 15 polegadas de diâmetro da roda.
Traction
O valor ao lado dos dizeres “TRACTION” é expresso em letras. Ele diz respeito à aderência do pneu em pista molhada.
A melhor nota nesse quesito é AA, depois A, B e, por último, C, a categoria que se sai pior quando o asfalto está molhado.
Temperature
O atrito da banda de rodagem com a pista aquece o pneu.
O calor em excesso é prejudicial, por isso os pneus são desenvolvidos para dissipar o calor o máximo possível.
Ao lado de “TEMPERATURE” pode haver a letra A, B ou C. Os pneus da categoria A são aqueles que dissipam melhor o calor e, por isso, esquentam menos, enquanto os da C esquentam mais.
Treadwear
Diz respeito à rentabilidade e o desgaste natural do pneu.
É um número que varia de 60 a 700. Quando mais alto ele é, sinal de que o pneu dura mais.
É claro que outros fatores colaboram, como a calibragem, a condição da pista e o uso que o motorista faz do veículo.
Mas a qualidade do pneu também conta bastante, e o indicador treadwear mostra isso.
Peso e Velocidade
Outra marcação que você encontrará é um número de dois ou três algarismos seguido por uma letra.
Essa informação é referente ao peso máximo suportado pelo pneu e à velocidade máxima na qual ele pode trafegar.
São, na realidade, códigos. Para saber os valores, é necessário consultar tabelas de equivalência.
A do peso é a seguinte:
Código | Kg | Código | Kg | Código | Kg |
60 | 250 | 82 | 475 | 104 | 900 |
61 | 257 | 83 | 487 | 105 | 925 |
62 | 265 | 84 | 500 | 106 | 950 |
63 | 272 | 85 | 515 | 107 | 975 |
64 | 280 | 86 | 530 | 108 | 1.000 |
65 | 290 | 87 | 545 | 109 | 1.030 |
66 | 300 | 88 | 560 | 110 | 1.060 |
67 | 307 | 89 | 580 | 111 | 1.090 |
68 | 315 | 90 | 600 | 112 | 1.120 |
69 | 325 | 91 | 615 | 113 | 1.150 |
70 | 335 | 92 | 630 | 114 | 1.180 |
71 | 345 | 93 | 650 | 115 | 1,215 |
72 | 355 | 94 | 670 | 116 | 1.250 |
73 | 365 | 95 | 690 | 117 | 1.285 |
74 | 375 | 96 | 710 | 118 | 1.320 |
75 | 387 | 97 | 730 | 119 | 1.360 |
76 | 400 | 98 | 750 | 120 | 1.400 |
77 | 412 | 99 | 775 | 121 | 1.450 |
78 | 425 | 100 | 800 | 122 | 1.500 |
79 | 437 | 101 | 825 | 123 | 1.550 |
80 | 450 | 102 | 850 | 124 | 1.600 |
81 | 462 | 103 | 875 | 125 | 1.650 |
Já a tabela da velocidade é a seguinte:
Código | Km/h | Código | Km/h |
A1 | 5 | K | 110 |
A2 | 10 | L | 120 |
A3 | 15 | M | 130 |
A4 | 20 | N | 140 |
A5 | 25 | P | 150 |
A6 | 30 | Q | 160 |
A7 | 35 | R | 170 |
A8 | 40 | S | 180 |
B | 50 | T | 190 |
C | 60 | U | 200 |
D | 65 | H | 210 |
E | 70 | V | 240 |
F | 80 | ZR | Mais de 240 |
G | 90 | W | 270 |
J | 100 | Y | 300 |
Seguindo essas tabelas, portanto, um pneu com o código 105U, por exemplo, aguenta um peso de até 925 kg e pode trafegar a até 200 km/h.
Calibragem
A calibragem é um procedimento em que é colocada a pressão de ar adequada em um pneu.
Ela está diretamente relacionada com a estabilidade do veículo.
O recomendável é calibrá-los a cada 15 dias.
Isso deve ser feito com os pneus frios, ou seja, que rodaram no máximo 3 km ou que estão parados há pelo menos duas horas.
Calibragem de Acordo com Veículo e Situação
Para maior segurança, a calibragem precisa respeitar a quantidade de libras recomendada pelo fabricante.
Esse número pode variar conforme o modelo do veículo.
A quantidade indicada consta no manual do proprietário, na seção que fala sobre os pneus.
Se não encontrar, veja se não há uma etiqueta na parte interna da porta do motorista com essa informação.
Você também pode conferir a relação da calibragem ideal para vários modelos de automóveis e tirar outras dúvidas em páginas como essa do site da Bridgestone. De acordo com a marca, “a pressão correta garante mais segurança e economia aos motoristas”.
É importante saber que há uma calibragem máxima suportada, impressa na lateral dos pneus.
Alinhamento
Quem sabe tudo sobre pneus tem noção da importância do alinhamento dos pneus, também conhecido como geometria.
O procedimento permite ter as rodas alinhadas na direção correta, o que dá maior estabilidade ao veículo, contribui para maior durabilidade dos pneus e resulta em economia de combustível.
O alinhamento deve ser feito em todas as revisões periódicas recomendadas pelo fabricante.
Também sempre que houver um impacto forte depois de o veículo ter passado por um buraco, pedra, guia ou outro obstáculo.
Se os pneus ou algum componente da suspensão ou direção forem alterados, também deve ser feito o alinhamento.
E caso seja notado algum desgaste acima do normal nos pneus ou um comportamento estranho como o veículo puxando para um lado.
Quando Trocar os Pneus
Na lateral do pneu, você encontrará gravados os dizeres DOT e um número depois, que corresponde a uma semana e um ano.
Eis a data de fabricação.
Geralmente, um pneu trabalha bem por cinco anos.
A partir daí, ele já não garante a mesma aderência do veículo no asfalto e deve ser trocado.
Há algumas ocasiões que exigem uma troca ainda mais cedo.
Como o rompimento e a formação de bolhas. E o desgaste, é claro.
Os pneus atuais têm, dentro dos sulcos, indicadores de desgaste da banda de rodagem. Eles têm 1,6 mm de altura a partir do fundo do sulco.
Se a banda de rodagem estiver no mesmo nível dessas elevações, é sinal que o pneu já deu tudo o que tinha que dar e deve ser trocado.
Caso isso não seja feito, você correrá sérios riscos de se envolver em acidentes com derrapagem.
Para saber como cuidar bem do seu pneu, assista ao vídeo abaixo, criado pela Bridgestone:
Multa Por Pneu Careca
Além de prejudicar a segurança do motorista e passageiros, desrespeitar a regra acima é considerado uma infração de trânsito.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não fala especificamente em pneu desgastado, mas traz o seguinte em seu artigo 230, inciso XVII:
“Art. 230. Conduzir o veículo:
(…)
XVIII – em mau estado de conservação, comprometendo a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no art. 104;
(…)
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo para regularização;”
Esse é o enquadramento para a conduta de andar com pneu careca.
A conduta é caracterizada justamente quando a banda de rodagem chega no nível do indicador dos sulcos do pneu.
Como estamos falando de uma infração de natureza grave, o valor da multa é de R$ 195,23.
O número de pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é cinco. Lembrando que, segundo o artigo 261 do CTB, a habilitação é suspensa quando o motorista acumula 20 pontos em 12 meses.
Além disso, o veículo é retido para regularização.
Geralmente o agente de trânsito libera o carro mediante o recolhimento do CRLV e dá um prazo para a regularização da substituição – que consiste na troca dos pneus.
Como Comprar Pneu Certo
Agora que você sabe tudo sobre pneus, quando tiver de fazer a troca, já saberá o que precisa observar na hora de comprar um conjunto de pneus novos.
Confira as orientações no manual do proprietário e veja se as medidas estão de acordo com o tamanho da roda do veículo.
Consulte a tabela de peso para saber se a capacidade máxima é adequada.
E, na hora de dirigir, nunca esqueça da tabela de velocidade máxima.
Os fabricantes recomendam que você use os quatro pneus da mesma marca e modelo, para não prejudicar o controle do veículo.
Conclusão
Pouca gente dá a devida importância aos pneus. Eles precisam estar sempre em ótimo estado para garantir a máxima segurança no trânsito.
Pense bem: do que adianta ter um motor super potente e ter muita habilidade no volante se a parte do carro que fica em contato direto com o asfalto – e projeta o veículo para frente na aceleração e para na frenagem – está em más condições?
Além de garantir que tudo sobre pneus esteja em ordem, recomendamos que você faça revisões periódicas completas em seu veículo.
É fundamental um equilíbrio. Além da conservação, alinhamento e balanceamento dos pneus, confira como está o sistema de arrefecimento, óleo, faróis, filtro do ar condicionado e tudo o que tiver direito em um bom check up.
Lembre-se que a sua saúde pode depender da saúde do seu veículo, então, trate-o como ele merece.
Além da questão da segurança, desrespeitar alguma premissa legal, seja quanto aos pneus ou outros componentes do veículo, pode resultar em multas.
Mas se você for multado e se julgar injustiçado, podemos ajudar. Sabemos como recorrer de multas como ninguém.
Referências:
- http://www.fiesp.com.br/sinpec/sobre-o-sinpec/historia-do-pneu/fabricacao/
- https://www.bridgestone.com.br/pt/atendimento-ao-cliente/contato
- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm