Você já ouviu falar em engenharia de tráfego ou em engenharia do trânsito?
Se a sua resposta a essa pergunta for não, ou se você tem interesse em saber o que tem por trás da utilização que fazemos do trânsito, este artigo é para você.
Condutores e pedestres não costumam se preocupar com temas como esse, mas conhecer o papel da engenharia de tráfego nos auxilia a entender como se formam as normas e orientações dadas pela legislação que devemos seguir.
As obrigações do dia a dia nos mantêm tão ocupados que, normalmente, não sobra tempo para que busquemos nos aprofundar em conhecimentos importantes.
Por isso, me propus a trazer para você, leitor, o máximo de conteúdo possível relacionado ao trânsito.
Tenho certeza de que, se ainda não são, essas informações serão muito úteis em algum momento.
A necessidade de deslocamento nos impele a utilizar o transporte coletivo, a comprar um veículo, a fazer uso do tráfego como pedestre ou como ciclista, mas nem sempre nos faz pensar sobre o espaço em que nos inserimos diariamente.
Ainda que exista a preocupação sobre as condições que nos são oferecidas para trafegar, elas apenas entram em discussão quando enfrentamos alguma adversidade.
E é importante que estejamos, enquanto participantes desse meio, a par dos elementos envolvidos na sua construção e definição.
E você é o principal elemento integrante dessa circulação.
Por isso, neste artigo, me dediquei a trazer um assunto que merece ser compreendido e melhor caracterizado.
Aqui, você entenderá como é pensado o trânsito que comporta tantas pessoas e veículos.
Afinal, o Que é a Engenharia de Tráfego?
Não é interessante discorrer sobre esse tema sem integrar a ele outro conceito básico sobre o trânsito: a mobilidade urbana.
A mobilidade urbana é caracterizada pela forma como a população se desloca dentro da área urbana. É uma questão que deve ser pensada para o desenvolvimento de fatores que propiciem à população um deslocamento fluido e seguro.
Porém, no nosso país, essa é uma questão que concentra muitos desafios. O predomínio do modal rodoviário na estrutura de deslocamento dentro do território brasileiro contribui para que outros modais de transporte, tais como a bicicleta e o transporte público, sejam colocados em segundo plano.
Esse é um fator que corresponde ao aumento do número de veículos circulando pelas vias. Isso porque, ter de encarar, na maioria das vezes, a precariedade do transporte público e a falta de acomodação das vias para a circulação de bicicletas, faz com que a população sinta cada vez mais necessidade de adquirir um veículo próprio.
O crescimento do número de veículos circulando pelas vias tem ligação direta com o tema deste artigo.
É a engenharia de tráfego que se encarrega da tarefa de planejar como o deslocamento de veículos e de pessoas deve funcionar em determinadas localidades.
Portanto, a mobilidade urbana eficiente também depende do planejamento e controle do tráfego que, por sua vez, objetiva promover a organização da circulação de modo geral.
A engenharia de tráfego é um importante ramo da área de transportes, e está prevista no Capítulo VIII do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em seu artigo 91.
É uma área que se dedica ao estudo técnico das operações de tráfego, para desenvolver um planejamento equivalente às necessidades de fluxo da via, que possa ser aplicado ao deslocamento.
O planejamento consiste na ação de sistematizar o funcionamento do tráfego, de modo que o fluxo da circulação de veículos (moto, carro, ônibus etc.) e de pessoas aconteça de maneira segura, ágil e fluente.
Um tráfego nessas condições se dá quando os veículos não ficam presos pelo engarrafamento, em um trânsito lento e congestionado, fazendo com que o deslocamento ocorra em mais tempo do que o considerado normal.
Considerando a quantidade elevada de veículos, as vias de trânsito ficam sobrecarregadas. O resultado dessa realidade é o congestionamento dessas vias e, consequentemente, a interrupção do fluxo do trânsito.
É nesse ponto que a engenharia de tráfego entra em cena. É preciso definir meios que favoreçam o fluxo da circulação e, além disso, segurança aos integrantes do trânsito.
Quem reside nas capitais brasileiras já está habituado à realidade do tráfego interrompido diariamente, mas ainda que pareça normal, encarar um trânsito nessa circunstância é um problema que pode gerar sérias consequências.
A lentidão do trânsito afeta o sistema emocional dos condutores, podendo causar emoções de caráter desgastante, como: ansiedade, estresse, nervosismo, medo, irritação etc. E, ainda, torna vulnerável a segurança, pois os veículos paralisados na via são mais propensos a serem assaltados.
Esses efeitos negativos podem comprometer a execução de tarefas subsequentes, ou seja, dirigir depois de passar por situações de estresse pode ser ainda mais delicado e pode se tornar difícil atingir a produtividade durante o dia de trabalho.
Além de causar aflições nas pessoas, os congestionamentos refletem na economia, pois afetam as produções locais e a saída de cargas.
A engenharia de trânsito atua no planejamento de estratégias que possam minimizar essas adversidades, pensando em meios de liberar o trânsito.
Além de pensar em questões de fluidez, a engenharia de tráfego se ocupa da tarefa de pensar o comportamento humano, averiguar como os condutores e pedestres costumam se relacionar com a complexidade do ambiente, ou seja, como eles agem frente a determinadas situações e quais as implicações disso para o tráfego.
Assim, é possível prever certas condutas e planejar uma configuração de estrutura da via que confira comodidade e segurança para todos.
Por esse fator, os temas engenharia de tráfego e mobilidade urbana devem ser tratados em conjunto.
O sistema de trânsito que orienta nossas ações nas vias é resultado de intensas avaliações e planejamentos, realizados por órgãos e entidades representativas de cada estado, dentre eles, especialistas em engenharia de tráfego, os quais se dedicam a buscar soluções para os problemas de tráfego já existentes e meios de evitar que tais problemas aconteçam.
O sistema de sinalização, por exemplo, é aplicado em determinada localidade para que todas as pessoas que transitem por esse local sigam o mesmo padrão de circulação, de modo que a mobilidade urbana não seja prejudicada.
Os semáforos, as placas ou as demarcações de solo (pintura no asfalto) não são, apenas, dispostos em qualquer local da via.
Antes disso, é necessário fazer um levantamento sobre o funcionamento do tráfego na localidade em que os sinais serão aplicados, como por exemplo, averiguar o fluxo de circulação da via, considerar as escolas, estabelecimentos, hospitais etc., localizados nas proximidades do tráfego.
Um trânsito desorganizado, sem sinalização ou orientação, representa ameaça para quem se utiliza desse meio.
É por esse motivo que a incidência de acidentes em cruzamentos mal sinalizados ou sem sinalização alguma é maior.
A falta de uma orientação confere, às pessoas, liberdade para agir segundo a sua própria vontade. E, pelo menos, no nosso país, essa capacidade não rende bons resultados.
Inclusive, o principal fator desencadeador da organização do fluxo de tráfego no país foram as fatalidades decorrentes dos acidentes de trânsito.
A engenharia de trânsito compreende o estudo sobre a interação de três elementos: o usuário, o veículo e a via. Veja quais as características principais a serem consideradas a respeito dessa interface:
O usuário
Os usuários (motoristas e pedestres) são levados em consideração para a compreensão do comportamento humano no tráfego, fator que influencia diretamente na interação que estes terão com a via de trânsito.
É preciso estudar essa interação relacionando-a aos diversos fatores ligados à ação de dirigir ou de andar sobre determinadas vias de diversas estruturas diferentes.
É preciso analisar, também, a velocidade de caminhada dos pedestres, por exemplo, para definir como deverá se organizar esse fluxo e calcular o tempo de sinalização dos semáforos.
O usuário é pensado como receptor de estímulos que geram reações correspondentes. Basicamente, o usuário percebe, identifica o que percebe, toma uma decisão a partir da emoção gerada e age.
Dentro dessa relação, é necessário calcular o intervalo entre o primeiro estímulo e a ação, considerando as possíveis alternativas a serem adotadas pelo usuário.
O veículo
Os veículos e seus potenciais de frenagem, aceleração e peso são agrupados em categorias classificatórias.
A engenharia de tráfego se apropriará dessas informações para a realização dos projetos de vias, estudando a capacidade de sua estrutura e analisando se as novas implantações serão seguras para a locomoção.
Para facilitar o seu entendimento, peguemos como exemplo, os tratores agrícolas. É um veículo de grandes dimensões e de lentidão nos movimentos.
Logo, se o trator circulasse por uma via de tráfego pensada para o trânsito de veículos de porte menor, um transtorno seria gerado.
Ou seja, é preciso adequar as vias de acordo com a necessidade dos veículos que por ela trafegam.
Os engenheiros de tráfego estudam os aspectos geométricos das vias, pensando em como suas características devem ser para que seja adequada ao volume de pessoas que deverá circular por ela.
O tema meio ambiente também entra em pauta para o planejamento das vias, pois elas não devem representar nocividade ao ecossistema.
A Engenharia de Tráfego Contribui para o Fluxo do Trânsito
Até aqui, vimos que o planejamento do tráfego tem efeito na mobilidade das pessoas dentro da cidade.
Um dos principais pontos de contribuição da engenharia do tráfego se reflete na diminuição dos congestionamentos, principalmente na cidade mais populosa do Brasil.
São Paulo, por exemplo, é a cidade brasileira onde a obstrução do trânsito ocorre de forma mais intensa. A cada ano, as vias são lotadas por novos veículos e o deslocamento de pessoas e mercadorias é cada vez mais prejudicado pelos recorrentes episódios de engarrafamento.
O que mantém o trânsito fluindo, de certa forma, nessa cidade abarrotada de veículos circulando são as operações e implantações de tecnologias para o controle do tráfego realizadas pela Companhia de Engenharia do Tráfego (CET).
A CET é subordinada à Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes da cidade de São Paulo, e atua com o objetivo de promover condições de locomoção mais adequadas e seguras aos pedestres e condutores.
A companhia, composta por engenheiros e técnicos operacionais desenvolve tecnologias, após estudo detalhado dos sistemas viários, para que sejam implantadas nas vias e logradouros do município.
A engenharia de tráfego é importante também para prever os possíveis impactos gerados pela implantação de empreendimentos de grande porte nas áreas urbanas.
Os engenheiros de tráfego relacionam dados e informações necessárias a respeito da via que poderá ser afetada pela construção, bem como do empreendimento que se pretende construir, para analisar se o objetivo é viável e não oferecerá prejuízos ao tráfego.
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Qual a Ligação da Engenharia de Tráfego com a Legislação de Trânsito?
Todos os projetos, planejamentos e operações de tráfego, realizados pela engenharia do tráfego são relacionados à criação de regras de trânsito no país.
As resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) são definidas em conjunto com diversas Câmaras Temáticas, que são órgãos técnicos integrados por especialistas de diversas áreas de estudo para a tomada de decisões acerca das normas.
O artigo 91 do CTB explicita essa determinação:
“Art. 91
O CONTRAN estabelecerá as normas e regulamentos a serem adotados em todo o território nacional quando da implementação das soluções adotadas pela Engenharia de Tráfego, assim como padrões a serem praticados por todos os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito.”
A engenharia de tráfego, composta por seus especialistas, é uma das Câmaras Temáticas que oferecem suporte para os estudos.
O regimento interno do CONTRAN realiza reuniões mensais para a discussão das propostas técnicas de todos os órgãos envolvidos para a definição e criação das resoluções.
E o Que São Resoluções?
A resolução é um instrumento de divulgação de regulamento dos dispositivos do CTB. É um documento que estabelece os procedimentos que deverão ser firmados pelos órgãos responsáveis à aplicação das leis de trânsito.
As decisões tomadas pelos CONTRAN, em conjunto com suas Câmaras Temáticas, são divulgadas por meio das resoluções e assinadas pelas suas autoridades competentes, o que firma o ato normativo.
Ou seja, a partir de sua divulgação, as resoluções passam a disciplinar assuntos específicos, por força da lei.
Conclusão
A engenharia de tráfego, juntamente com a educação e a fiscalização, é responsável pela sustentação do trânsito.
De nada adianta uma intensa fiscalização do trânsito em uma localidade, cujo problema se concentra na sua engenharia, assim como, não basta a engenharia do tráfego para solucionar os problemas de mobilidade urbana.
Sua contribuição é extremamente importante para que o trânsito não seja totalmente bagunçado e perigoso, mas somente ela não é capaz de conferir a movimentação segura e eficiente.
Na verdade, existe uma reação em cadeia que comporta toda a estrutura do trânsito.
A precariedade da mobilidade urbana no país estimula o uso do meio de transporte individual, o que desencadeia a sobrecarga de veículos no trânsito, gerando a famigerada circulação congestionada.
Essa condição é prejudicial à saúde das pessoas e, também, se reflete na atividade econômica da cidade.
São diversos os efeitos negativos de um tráfego mal organizado e nem caberia citar cada um deles neste artigo.
Contudo, é pensando em questões intrínsecas ao trânsito que nos tornamos capazes de refletir sobre as nossas atitudes e reações geradas pelo nosso comportamento.
Nada decorre de um único fator, as circunstâncias no trânsito se desenvolvem a partir da interação de múltiplos fatores, como bem observamos ao longo dessa leitura.
Por isso, me preocupo em fornecer aos meus leitores, os principais conhecimentos acerca do trânsito. Sei que, dessa forma, tanto motoristas quanto pedestres têm mais condições de refletir sobre o meio e questioná-lo de maneira construtiva.
Recorrer de uma multa de trânsito injusta é uma das possibilidades que você tem de não ser responsabilizado indevidamente.
E, também, uma forma de contestar as irregularidades que tanto nos prejudicam, contribuindo para que o sistema se torne mais justo.
Minha equipe e eu analisaremos gratuitamente o seu caso e formularemos um recurso específico para lhe ajudar a reverter a situação.
O que você achou deste artigo?
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Referências:
- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm