O que fazer depois de uma enchente é um questionamento comum a muitos condutores. Afinal, os prejuízos que as fortes chuvas podem causar a um veículo costumam ser enormes. Você sabia, por exemplo, que uma boa limpeza, inclusive no motor, deve ser realizada depois que o carro passa por uma situação de alagamento? Agora, e se a placa do veículo é danificada ou perdida em decorrência da chuva, você sabe como proceder? Transitar sem placa (ou com ela ilegível) é uma infração gravíssima estipulada pelo CTB. Saiba como não passar por isso a partir de agora, com a leitura deste artigo.
Você sabe como proceder com o seu veículo depois de uma enchente?
Ao passo que, em alguns estados brasileiros, os municípios estão sofrendo com a estiagem, em outros, o grande volume de chuvas também traz alguns prejuízos para a população.
Não raramente vemos notícias de chuvas fortes que se transformam em enchentes capazes de carregar árvores, postes e veículos.
O planejamento urbano – ou a falta dele – nos estados deixa a população desprotegida, vulnerável às duras consequências das enchentes, como alagamentos e até situações mais graves, como deslizamentos de terra.
Nesse cenário, as pessoas que dependem de transporte público ou andam a pé sofrem consideravelmente mais, mas andar de carro não livra ninguém de estar exposto a todo tipo de imprevisto.
Apesar das vantagens que um carro particular oferece para o condutor e sua família, é importante estar preparado para as situações adversas que surgem no caminho de quem dirige.
Então, se o seu problema é um carro estragado por conta da chuva, este artigo vai reunir as informações para ajudá-lo a seguir em frente.
Aqui, tratarei dos seguintes temas:
Para começar, é claro, você precisa entender como as enchentes acontecem.
Então, continue a leitura!
Quando a chuva faz os níveis de água dos rios e das represas transbordarem em direção às margens, ocorre o que chamamos de enchente.
Até aí, é considerado um fenômeno natural.
No entanto, com o aumento das ocupações irregulares e o aniquilamento da mata ciliar que segue o trajeto dos rios, podemos dizer que a ação do homem é um fator que agrava as enchentes.
A urbanização – como a construção de vias expressas duplicadas em direção às várzeas dos rios – foi se tornando prioridade nos projetos dos governos federal e dos estados, sem que isso representasse um avanço para o conjunto das soluções ecológicas para esse desenvolvimento.
A canalização e a retificação dos cursos d’água superficiais alteraram, por sua vez, a forma de agir dos solos e da água, acentuando os riscos de acúmulo de sedimentos nos rios e de enchentes.
Nas ruas da cidade, as águas enfrentam o lixo acumulado em bueiros mal planejados, que se juntam aos sedimentos, extravasando os canais.
Por isso, a chuva não é a única culpada pelas enchentes e deslizamentos.
É a combinação desses fatores que resulta nos alagamentos e deslizamentos de terras que desabrigam e desalojam milhares de pessoas no Brasil todos os anos.
Falta e ineficácia do planejamento urbano, ocupações irregulares (quando são feitas construções em locais que não deveriam ser ocupados ou quando são feitas sem as adaptações necessárias) são exemplos de causadores de enchentes nas cidades.
No que diz respeito às ações que poderiam diminuir os estragos causados pela água, a insistência em não usufruir dos conhecimentos arquitetônicos sobre construções em área de chuvas é um dos fatores que impede o combate às causas da enchente – permitindo que os alagamentos causem a morte e o desalojamento de muitos cidadãos.
Às vezes, nem é necessário chover por muitas horas. Poucos minutos de precipitação podem causar alagamentos que invadem casas. Os carros, também prejudicados, chegam a ficar submersos.
Quando tratamos do que se deve fazer depois de uma enchente, muitas pessoas não sabem como proceder, questionando-se se o veículo tem salvação ou se o seguro cobre os estragos.
Porém, ao contrário do que a maioria das pessoas costuma comentar, as apólices de seguro compreensivo – o pacote mais comum entre os ofertados pelas seguradoras – cobrem totalmente os danos causados por chuvas, como alagamentos e queda de objetos.
O ideal é pensar bem e pesquisar muito antes de assinar contrato com a seguradora e, também, estar atento às oportunidades de economizar.
Antes de encarar uma via durante um temporal, é importante saber que, apesar do seguro cobrir danos causados por fenômenos naturais, a cobertura será descartada caso seja verificado que o condutor correu risco intencionalmente.
Por exemplo, após um acidente, quando você envia o carro para o conserto, um técnico da empresa seguradora realiza uma perícia antes de o mecânico ser autorizado a começar os reparos.
No caso de um carro inundado, o procedimento é o mesmo.
A seguradora investiga a causa do sinistro e, se o laudo informar que o estrago não foi apenas em decorrência da chuva, mas da irresponsabilidade do condutor, a seguradora pode não cobrir os gastos com a restauração.
Por isso, ao estacionar o carro em lugares que costumam alagar quando chove muito, é essencial acionar o seguro antes de a situação chegar ao limite.
Ao invés de sair com as rodas submersas, ligue pedindo um guincho para transportar o veículo com segurança.
Essa é a forma mais eficaz de evitar que ocorra um sinistro.
Mas, afinal, o que é sinistro, qual é o critério para identificar sua intensidade e como avaliar o contrato da seguradora?
Sinistros são os prejuízos ocorridos com um veículo cujo contrato com a seguradora estabelece previamente que seja responsabilidade dela o conserto ou ressarcimento dos gastos.
Existem três tipos de danos, classificados a partir da dimensão dos estragos. Eles podem ser de pequena, média e grande monta.
Eles estão especificados na Resolução 544/2015, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), que estabelece os critérios para o preenchimento do relatório de avarias, em caso de acidentes.
Neste relatório, o agente de trânsito deve assinalar “sim” quando houver dano físico a um componente estrutural ou de segurança passiva.
Se não houver dano físico em nenhum componente estrutural, ou se ele não existir originalmente, o agente deve marcar “não”.
Em circunstâncias excepcionais, em que a autoridade não conseguir identificar dano em algum componente estrutural, é marcado “NA”, de não avaliado.
Com o relatório de avarias preenchido, somam-se os pontos para classificar o estrago em uma das três categorias. De acordo com o Anexo I da Resolução 544, essas categorias são:
Sem seguro, arrumar um carro atingido por enchente pode custar caro
Durante uma enchente, o carro corre o risco de sofrer danos no nível das três categorias definidas pelo CONTRAN.
Se a água entra no carro, mas molha apenas o assoalho (quando a água entra pela porta, por exemplo), o procedimento é mais simples e, muitas vezes, apenas uma lavagem já dá conta do reparo.
Se você não tem seguro e a água não inundou o seu carro completamente, vale tentar fazer uma lavagem caseira.
Você pode abrir as portas em um dia ensolarado para que o ar circule pelo carro. Além disso, pode tirar os carpetes, higienizá-los com água, sabão e desinfetante para, depois, deixá-los expostos ao sol até secarem.
Essas duas tarefas vão melhorar, também, a situação do mau cheiro que costuma impregnar os automóveis após um período de chuva.
De forma preventiva, é possível colocar jornais debaixo do carpete para diminuir a umidade.
Se o mau cheiro persistir, será necessário levar a uma oficina, porque provavelmente o problema está no feltro – que fica embaixo do carpete. Para resolver, só trocando-o por um novo ou higienizando-o.
O custo dessa troca pode chegar até R$ 1 mil, dependendo da sujeira do veículo. Há casos em que, junto com a água, entra também lama, por exemplo.
Por outro lado, se o carro teve problemas mais sérios do que um pouco de água no assoalho, o valor do conserto pode subir até R$ 40 mil.
Estragar o motor é o maior medo
O preço tão elevado é em função dos estragos mecânicos a que os veículos estão sujeitos durante as enchentes.
Quando o assunto é o que fazer depois de uma enchente, além da lama e da água entrando no carro quando as ruas estão começando a alagar, existe uma ação do condutor que pode ser determinante para a ocorrência de um sinistro: entrar rápido demais na água.
Quando está chovendo muito e o motorista precisa passar pelo alagamento, o veículo corre o risco de aspirar água e provocar o calço hidráulico.
O calço hidráulico acontece quando os gases que saem pelo escapamento não conseguem evitar que a água invada a câmara de combustão – o que significa que o motor travou.
A maior dor de cabeça para um proprietário provavelmente seja o dano no motor.
Por isso, acredite quando dizem que é preciso andar em baixa velocidade para atravessar trechos alagados.
Primeiramente porque a chuva forte diminui a visibilidade. Então, é mais seguro andar devagar, olhando para todos os lados, mantendo-se distante dos outros carros e dos ônibus, que criam ondas e podem prejudicar os veículos menores.
É necessário diminuir a velocidade, também, porque a aerodinâmica dos carros faz com que a água seja jogada para cima – e o que queremos evitar é justamente a entrada de água no escapamento ou na entrada de filtro de ar.
A entrada de filtro de ar, por ficar na parte da frente do carro, atrás da grade, na altura do farol, fica mais suscetível à invasão da água do que o escapamento.
Como o segundo libera muitos gases, acaba combatendo o fluxo de água por um tempo, mas não abuse dessa vantagem, pois, na enchente, o motor suga a água que está na frente do veículo.
“Nunca mude a marcha enquanto estiver andando em meio a uma enchente”, quem nunca ouviu isso de algum amigo ou parente?
Essa dica é útil porque aprendemos na autoescola que, para trocar a marcha, é preciso tirar o pé do acelerador e, na enchente, é preciso uma velocidade baixa e constante para dirigir com maior segurança.
Mas se for realmente necessário trocar a marcha enquanto você passa pelo trecho alagado, faça como na época em que você estava aprendendo a dirigir – troque a marcha com o pé no acelerador.
Essas dicas valem para carros manuais e automáticos. Em relação aos carros elétricos, algumas pessoas têm dúvida se é possível receber um choque do carro ao entrar em um alagamento.
O planejamento das baterias dos carros elétricos foi pensado para suportar situações adversas, inclusive o contato com a água.
Portanto, não há perigo de choque porque os dispositivos internos, conectores e baterias estão isolados do ambiente externo, não havendo a possibilidade de entrar água nessas partes do automóvel.
O que você pode fazer para evitar uma pane elétrica é desligar componentes internos não essenciais para o uso do carro, como ar condicionado e som.
No próximo tópico, explicarei outro problema bastante comum que acomete muitos motoristas durante uma enchente: a perda da placa do veículo.
Afinal, como proceder?
O que fazer depois de uma enchente em relação às placas?
Um problema comum, que acontece até mesmo sem que um enchente forte aconteça, é a perda da placa do veículo oriunda do tráfego em ruas alagadas.
Como já expliquei, nem sempre dá para parar no meio do caminho e aguardar a água baixar. E, nessas horas, como você já sabe, o carro joga a água para cima.
Dependendo da força com que a água bate de volta no carro, as placas traseira e dianteira podem desprender-se do carro e sumir pela enchente sem que o motorista veja.
Porém, no momento em que o carro estiver em um local seguro e a falta de alguma placa for percebida, o próximo passo é ir atrás de uma nova, uma vez que andar sem placa é considerado uma infração pelo Código de Trânsito Brasileiro.
Nesse caso, é o art. 230, inciso IV que menciona o delito. Conduzir veículo sem qualquer uma das placas de identificação é uma infração de natureza gravíssima, com penalidade de multa e apreensão e remoção do veículo como medida administrativa.
Assim sendo, se você dirigir sem alguma placa, terá de pagar R$ 293,47, mais os gastos com o guincho e as despesas com o depósito.
A infração gravíssima vai lhe conferir, ainda, 7 pontos na carteira.
Vale ressaltar que, ainda conforme o art. 230, transitar com a placa danificada, a ponto de tornar-se ilegível, também é uma infração gravíssima que geras as mesmas penalidades acima descritas.
Em ambos os casos, o seu carro só não será removido se você tiver a placa original para ser afixada na hora.
Para não criar esse rombo na carteira, veja quais são os passos a seguir.
O boletim de ocorrência é um documento oficial que registra um fato e pode ser usado para a perda da placa por causa de alagamento.
Isso não quer dizer que você estará livre de ser enquadrado na infração, mas pode ser útil na hora de argumentar com o agente público em uma abordagem, pois incentiva o bom senso.
Chegando lá, você deve solicitar uma nova ordem de emplacamento.
Se você perdeu a placa dianteira, basta ir ao CRVA e pagar a taxa – não é necessário vistoria.
Já para colocar uma nova placa traseira, os trâmites são mais burocráticos.
Para pegar uma nova placa traseira, você deve ir ao CRVA pedir outra ordem de emplacamento, que varia de acordo com a localização da placa.
Você vai precisar apresentar os documentos de identificação (RG, CPF e CNH) e o Certificado de Registro do Veículo (CRV).
Também é necessário realizar e apresentar uma vistoria de identificação – para que o Detran verifique se a placa foi violada ou retirada por motivações de má-fé.
Após acertar toda a documentação e pagar as taxas, você pode ir ao local de instalação da nova placa.
Esse serviço geralmente é terceirizado por uma empresa credenciada pelo DETRAN, localizado junto ou perto do CRVA.
Aqui, cabe um alerta: se, por um acaso, a placa antiga que você perdeu ou danificou não era do padrão Mercosul, a nova placa deverá ser.
Conforme estipula a Resolução nº 780/2019 do CONTRAN, em seu art. 21, §1º, a troca de placa pelo modelo novo será exigida quando:
Assim, caso você já tenha as placas atualizadas em seu veículo, bastará solicitar uma nova placa junto ao DETRAN.
Porém, se o seu veículo ainda contava com a placa antiga, será necessário uma atualização completa, até mesmo dos documentos do veículo.
Tão logo as placas estejam prontas, você deverá levar o veículo à empresa responsável por sua impressão, a fim de conferir se o serviço foi realizado devidamente (confira com cuidado os caracteres da placa).
Também vale ressaltar, por fim, que cada DETRAN tem a liberdade de adotar procedimentos específicos para a substituição das placas.
Por isso, é importante que você busque estar informado sobre as possíveis peculiaridades junto ao órgão no qual você realizará o procedimento.
E então, entendeu o que fazer depois de uma enchente?
O cenário ideal em um contexto perigoso como a enchente seria todos poderem permanecer em casa até a chuva cessar, mas a realidade é outra e muitos carros precisam seguir circulando em meio à tempestade.
Portanto, se for absolutamente necessário dirigir em local alagado, o faça com atenção, velocidade baixa e constante, distancie-se dos veículos que também circulam por ali e ande pelo meio da rua – que costuma ser mais alto.
Assim, você estará aplicando medidas de segurança que podem prevenir acidentes e danificações estruturais do carro, como no motor.
Ao longo desta leitura, você ficou sabendo dos principais procedimentos que deve tomar em caso de danos no seu veículo em decorrência de enchentes.
Reiterei, para isso, os cuidados específicos em relação à placa do veículo.
Nesse caso, você viu que transitar sem placa ou com ela estando ilegível configura uma infração de trânsito gravíssima.
Por isso, expliquei que tão logo você perceba que está passando por esse tipo de problema, em relação à placa, é preciso praticar o passo a passo de como proceder a fim de não sofrer as consequências estipuladas pela legislação.
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