Você já pensou na possibilidade de andar no seu carro sem precisar conduzi-lo? Pode parecer estranho e inviável, mas essa possibilidade já foi pensada.
A tecnologia não para de avançar no mundo inteiro e diversas pessoas trabalham na idealização de mudanças que promovam mais praticidade às nossas vidas.
A evolução pode ser facilmente observável se aparelhos eletrônicos de alguns anos atrás forem comparados aos atuais. O celular e o computador são dois bons exemplos de como a tecnologia evoluiu em tão pouco tempo.
Hoje, o acesso à internet é feito pelo mesmo aparelho utilizado para fazer ligações e os modelos atuais de computadores oferecem ainda mais desempenho e velocidade.
Quem poderia imaginar que teríamos tanta facilidade ao nosso alcance? Esses exemplos servem para que tenhamos uma ideia do que o mundo da tecnologia é capaz de nos oferecer.
Uma das novidades tecnológicas mais comentadas no momento é o carro autônomo (que dirige sozinho!). E é sobre ele que falarei neste artigo.
Apresentarei a você o funcionamento do veículo, quem trabalha com o seu desenvolvimento e o que a legislação determina sobre o trânsito de veículos sem condutor.
Confira!
Conheça o Carro Autônomo
Para que eu possa discorrer sobre a autonomia dos veículos, novidade que tem ganhado cada vez mais espaço no mundo tecnológico, é preciso, antes, caracterizá-la.
O carro autônomo consiste em um veículo com instalações e dispositivos programados para fazer com que ele se governe sem a intervenção da condução humana.
Esse carro é essencialmente convencional e se diferencia dos veículos que conhecemos apenas pelas tecnologias a ele implantadas.
Basicamente, o carro autônomo anda sozinho e sua idealização teve como objetivo conferir, às pessoas, a possibilidade de realizarem outras atividades enquanto se deslocam, bem como reduzir os acidentes de trânsito e possibilitar que portadores de deficiência física possam utilizar o veículo sem o auxílio de terceiros.
No geral, os carros autônomos são equipados com sensores internos e externos. A tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging), um laser que escaneia o ambiente em 360 graus, por meio da detecção de luz, é utilizada para que o carro reconheça o ambiente. Ela cria um mapa do que está em volta, em visão tridimensional, o que permite a identificação dos obstáculos e a tomada de decisões sobre a direção do veículo.
Os carros ainda são protótipos, mas a maioria das empresas envolvidas nessa idealização já testa seus veículos há alguns anos, aprimorando, ao longo do tempo, a capacidade de o veículo se movimentar sem a intervenção humana.
A tecnologia, atualmente, está mais precisa e captando cada vez mais elementos no ambiente.
A empresa Google, por exemplo, tem investido fortemente no desenvolvimento de carros completamente autônomos. Por isso, criou um modelo de veículo sem acelerador, sem freio e sem o volante.
A Google acredita que o carro autônomo será um artifício importante para a mobilidade urbana.
Considerando que muitas pessoas não podem dirigir, têm medo de assumir a direção ou dependem de alguém para se locomover, a possibilidade de transitar em um carro autônomo impacta positivamente.
Apesar disso, a tecnologia não agrada a todos e tem gerado bastante discussão a respeito dos perigos envolvidos na circulação de um veículo sem motorista.
A Tecnologia do Carro Autônomo Divide Opiniões
Entre condutores e pedestres, há quem apoie a transformação, assim como há quem aponte diversos motivos pelos quais a tecnologia não deveria ser adotada.
Particularmente, acredito que estamos fadados a nos adequarmos às mudanças oferecidas pela tecnologia de modo geral.
Prova disso é que, normalmente, não resistimos às alterações. Nossa tendência é acompanhar a transição.
Especula-se que, daqui a alguns anos, não seja permitido que as pessoas conduzam veículos, por questões de segurança.
E, de fato, se observarmos os índices de mortes decorrentes de acidentes no trânsito, levando em conta que a maior parte das ocorrências se dá em razão de imprudência e desatenção, é cabível considerar que o indivíduo é falho e se coloca sob constante perigo.
Isso não quer dizer que os carros autônomos também não apresentarão falhas. Talvez não seja adequado pensar em tanta excelência nesse sentido, uma vez que a máquina é programada pelo humano. Logo, um erro do carro também é falha humana.
No entanto, há o entendimento de que a probabilidade de o ser humano causar acidentes é muito maior do que a de uma máquina, programada para realizar determinados comandos.
E essa tecnologia não foi pensada apenas em termos de avanço tecnológico, mas também como um meio de promover mais segurança no trânsito e salvar vidas.
Empresas como Uber, Volvo, Ford, Mercedes Benz, Kia, Toyota, Baidu, Apple Car, Google estão desenvolvendo tecnologias relativas à autonomia dos veículos. E, para isso, é preciso testá-las.
Por enquanto, a maior parte dos veículos está sendo testada sob o acompanhamento de um condutor.
Isso porque a legislação não permite que um veículo se locomova sem a presença de um motorista humano para assumir a direção em caso de falha do sistema ou situações de risco.
Mas algumas empresas, em alguns estados, já têm permissão para testar seus carros sem o motorista nas ruas. É o caso da Waymo (subsidiária da Google), da GM e da Apple Car no estado da Califórnia.
De qualquer forma, muitas pessoas manifestaram preocupação a respeito dos carros em teste oferecerem riscos de provocar acidentes, já que a máquina opera sozinha.
O mais recente caso de envolvimento de um carro autônomo (da Uber) em um acidente de trânsito, com vítima fatal, gerou impacto nas pessoas e levantou debates sobre a confiabilidade desses veículos.
Em vista disso, a Uber suspendeu os testes com carros autônomos por tempo indeterminado e informou que está cooperando com as autoridades para que o ocorrido seja esclarecido.
Os Desafios Enfrentados Para a Integração dos Carros Autônomos
É inegável que a tecnologia tem se expandido cada vez mais no setor automotivo e, por conta disso, já existem diversos modelos de veículos com boas funcionalidades.
É o caso do Park Assist, um sistema que atua com uma tecnologia de autonomia para estacionar o veículo. Os carros contam com sensores e câmeras traseiras que auxiliam o motorista a fazer a baliza, um dos momentos mais difíceis relacionados à condução do veículo, para a maioria das pessoas.
Alguns modelos de veículos mais avançados realizam todo ou praticamente todo o procedimento de estacionar. Ainda assim, os sistemas menos desenvolvidos possibilitam, ao condutor, apenas a tarefa de controlar os pedais e acionar a marcha à ré, enquanto o carro é automaticamente manobrado.
Não são poucas as empresas que preveem a chegada dos carros autônomos para 2020. Contudo, a previsão é de que os veículos passem a integrar o trânsito de forma gradual.
O pensamento de que, de uma hora para outra, todos os veículos autônomos estarão rodando pelas estradas e vias urbanas é confiante demais para uma realidade que ainda não é compatível com a inteligência desses veículos.
O presidente da GM (General Motors), Dan Ammann, acredita que não haverá um momento específico em que os carros autônomos chegarão, mas que será antes do esperado.
É previsto que, após o final da década, os equipamentos para produzir os carros autônomos estejam mais baratos para a instalação em carros médios economicamente, o que garantirá fácil acesso ao consumidor.
Porém, há quem defenda que adicionar recursos autônomos, mesmo aos veículos de linha, tem um custo elevado para o bolso do público que busca por carros mais simples.
O LiDAR tem alguns modelos com diferentes características. Alguns custam menos do que outros, mas contam com um alcance inferior aos que custam mais caro.
De qualquer forma, a previsão para os próximos anos aponta para um preço alto cobrado pelos veículos, mesmo porque há um tempo até que a tecnologia se popularize.
Já surgiram tecnologias mais baratas, mas elas não oferecem o nível de detecção necessária para que o veículo opere com segurança, o que não é promissor para o mercado automotivo nem para o consumidor.
Isso faz com que as fabricantes de automóveis parem de produzir novos carros comuns e comecem a se livrar dos equipamentos utilizados atualmente para a fabricação dos veículos, o que não parece muito vantajoso.
Além disso, existem ainda mais percalços salientados pelos especialistas para que os carros autônomos deixem a fase de testes e se tornem realidade no nosso meio.
Um deles diz respeito à infraestrutura das vias para receber um sistema de inteligência nesse nível, considerando a falta de padronização da sinalização, a falta de pavimentação adequada e a irresponsabilidade de muitos pedestres, que não estão preparados para seguir à risca as normas de tráfego.
Quando me refiro à sinalização, considere que será preciso ir além das placas indicativas e das faixas pintadas no solo ou, ao menos, será preciso uma uniformização entre esses sinais.
Os obstáculos encontrados nas vias são um dos maiores impedimentos para que os carros autônomos trafeguem sem apresentar problemas, já que a motivação é diminuir o índice de acidentes no trânsito.
Mesmo o sistema sendo programado para desviar dos empecilhos, com tantos entraves se torna difícil manter o sentindo do fluxo.
E essa não é a única questão a ser observada. Há de se questionar até que ponto será viável que os cidadãos desembolsem ainda mais dinheiro para a adequação de todas as vias.
Será que todos os estados estão dispostos a unificar a infraestrutura para a circulação desses carros?
A legislação também deverá ser adaptada para a realidade dos carros autônomos, o que implicaria em uma mudança significativa das leis de trânsito.
Essa questão deixa outra dúvida: quem será responsabilizado quando houver um acidente de trânsito?
Em uma situação em que a máquina tenha que decidir entre arriscar a vida de quem está dentro do veículo ou de quem está fora, qual será a medida a ser tomada?
Isso porque, em um carro completamente autônomo, é impossível responsabilizar o condutor por uma eventualidade, uma vez que ele passará a ser apenas um passageiro guiado pelo próprio veículo.
Provavelmente, será difícil responsabilizar alguém por crime de trânsito, por exemplo. Talvez o programador do sistema do veículo possa ser acusado de conduta culposa, caso o veículo tome uma decisão imprudente.
Ainda assim, será pouco provável atribuir culpa a uma pessoa por uma escolha “feita” pela máquina. Em uma situação envolvendo o risco de atropelamento, por exemplo, o carro deverá atropelar o pedestre ou desviar e colidir com outro veículo?
Nesse ponto, a cautela excessiva dos carros autônomos também é posta em discussão sobre a real seguridade oferecida aos condutores e pedestres.
A tecnologia ainda não é perfeitamente capaz de detectar quando o pedestre está relativamente perto do veículo ou quando está longe o suficiente para não ocasionar colisões.
Acontece que alguns sistemas fazem com que o veículo pare em meio a situações em que essa não seria a ação adequada, já que pode comprometer o trânsito de modo geral e instalar certo caos nas ruas.
Também não há como garantir que os pedestres respeitarão as normas de trânsito e não agirão de forma imprudente, outra questão que pode prejudicar e muito a condução adequada dos veículos autônomos.
Legislação e Carros Autônomos
Mais um dos obstáculos para que os veículos autônomos se tornem, de fato, realidade no trânsito, é a legislação.
Diversas fabricantes e idealizadoras dos veículos autodirigíveis têm pressionado o parlamento do seu país em busca de uma regulação e permissão para transitar em todos os estados, já que, em alguns deles, os carros autônomos são proibidos.
Como ainda levará certo tempo até que os carros autônomos se popularizem, é provável que, até a chegada desse momento, as leis atuais sejam alteradas em função das mudanças, pois será necessário adequar as normas aos novos meios de tráfego.
Enquanto a atualização das leis não acontece, as fabricantes têm buscado a padronização dos veículos. Apesar de não representar uma mudança nesse sentido, a iniciativa é significativa para o momento em que os carros autônomos têm ganhado mais espaço para se desenvolver.
No Brasil, não existe uma lei que permita que um veículo se locomova sem a presença de um condutor habilitado para agir caso seja necessário. Por isso, mesmo que o carro esteja em modo autônomo, o motorista deve estar com as mãos ao volante, pronto para assumir o controle a qualquer momento.
Acredita-se, contudo, que a nova realidade diminuirá a ocorrência de acidentes e, consequentemente, o índice de mortes no trânsito.
Ainda que a passos curtos, autoridades de diversos países discutem a respeito da preparação legal para a chegada dos veículos totalmente autônomos.
Estamos caminhando para que isso se concretize, mas há muitas questões a serem resolvidas antes de a autonomia se tornar unânime entre os veículos.
Conclusão
Apesar de inúmeros fatores a serem considerados e revistos, não dá para negar que os carros autônomos têm potencial para ganhar o mercado automotivo.
E a tendência é que as fabricantes sigam investindo pesado no aperfeiçoamento de automóveis que dispensem a condução humana, sobretudo se os testes demonstrarem um bom desempenho em termos de autonomia.
A desvinculação da direção pode causar um efeito positivo ou negativo aos condutores que têm medo de encará-la.
É possível que seja benéfico não precisar se envolver com a condução do veículo, mas, por outro lado, pode ser desafiador deixar de lado o controle e confiar cegamente na máquina.
Por enquanto, a situação não está definida, o que implica analisarmos apenas as ideias atuais e acompanhar as transformações.
Os carros ainda são protótipos e, apesar de já serem testados, talvez ainda leve algum tempo até que todos os automóveis autônomos ganhem as ruas.
Como vimos ao longo do artigo, existem muitos desafios a serem enfrentados, como a infraestrutura das vias, a atualização das leis de trânsito e as atitudes dos pedestres em uma situação que exige respeito às normas.
Por enquanto, a realidade do nosso trânsito ainda compreende que o motorista tem responsabilidade sobre os seus atos ao volante, devendo responder em caso de infrações cometidas.
No entanto, há casos em que o condutor é autuado indevidamente e, por desconhecimento de um direito garantido pela Constituição Federal, deixa de recorrer e acaba sofrendo as penalidades de uma situação que poderia ter sido revertida.
Esse direito é a ampla defesa. Caracterizada pela defesa prévia e pelo recurso de multa de trânsito, é um meio de conferir, ao cidadão, a possibilidade de demonstrar a inaplicabilidade de determinada multa.
O direito ao recurso é garantido em qualquer circunstância de autuação, ou seja, você sempre pode recorrer de uma multa recebida.
O que não significa, contudo, que o seu pedido seja acatado. Ele será avaliado, considerado pelas autoridades competentes e, posteriormente, deferido ou indeferido.
O que você pode fazer é formular um bom recurso e enviá-lo dentro do prazo limite. Nesse ponto, minha equipe e eu podemos ajudá-lo.
Assim, poderemos formular um recurso específico para você.
O que você achou sobre os carros autônomos? Acredita que a novidade ganhará espaço no nosso país? Deixe sua opinião nos comentários!
Referência:
- https://quatrorodas.abril.com.br/tudo-sobre/carro-autonomo/