Encontrar um carro adaptado por um bom preço e nas características desejadas pode ser um desafio para pessoas com deficiência.
O mercado brasileiro de automóveis até oferece algumas opções, mas são infinitamente menores do que aquelas disponibilizadas para a população em geral.
E como esse é um público com necessidades especiais, não é qualquer veículo que atende as suas necessidades.
É por essa razão que, quando os preços de carros adaptados para pessoas com deficiências físicas assustam, pesquisar é a ordem.
Como você vai ver neste artigo, existem diferentes tipos de carro adaptado, com características diversas.
Ao vasculhar o mercado e comparar as opções, você pode encontrar o seu e por um valor que cabe no bolso.
A propósito, pessoas com deficiência (PCD) podem comprar um carro zero quilômetro com isenção de impostos.
São eles:
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros);
IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
É uma vantagem financeira importante.
No entanto, nem todos os carros adaptados para pessoas com deficiência saem de fábrica prontos para uso.
Apesar de o valor do veículo adaptado ser muito mais atraente, chegando a um desconto de 28% em alguns casos, ainda é preciso arcar com gastos para adequar o volante e os pedais.
Perceba com isso que, mais uma vez, a dica é analisar as opções com calma.
Mas o que são e como funcionam os veículos adaptados para pessoas com deficiências físicas?
Quais são os principais tipos e características dos modelos disponíveis?
Como comprar carros adaptados para cadeirantes?
Que cuidados especiais adotar ao dirigir?
Todas essas dúvidas serão sanadas a partir de agora.
Então, quer saber tudo sobre carro adaptado e o mercado para pessoas com deficiência?
Boa leitura!
Para começar o nosso artigo sobre carro adaptado, nada melhor do que ir na origem do veículo e dos benefícios reservados ao seu público.
De acordo com a Lei n.º 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, o portador de deficiência tem direito ao desconto do IPI, IOF, ICMS (para veículos de até R$ 70 mil) e IPVA, além de ser isento do rodízio municipal nas cidades onde a prática existe.
Existem três tipos de carros adaptados para pessoas com algum tipo de deficiência física:
Os que possuem câmbio automático de fábrica;
Os que já são equipados com embreagem automática de fábrica;
Os modelos de carro adaptado conforme a deficiência de cada indivíduo.
Não há dúvidas de que o veículo com câmbio automático é o mais fácil de dirigir e que oferece maior segurança e conforto para pessoas com deficiência.
Conforme o nível da lesão e do grau de comprometimento da força e dos movimentos, o portador de necessidades especiais precisará de outros equipamentos específicos para conseguir dirigir um automóvel.
Vem daí a origem do termo carro adaptado, pois ele recebe adequações personalizadas, conforme a exigência de cada caso.
Qualquer tipo de carro pode ser adaptado, mas é claro que nem todos os modelos ficam do jeito que o proprietário gostaria – e necessita.
Essas alterações podem variar muito no preço e em tecnologia.
Pessoas com pouca força nas mãos e dedos necessitam de carros automáticos com direção hidráulica, além de comandos elétricos nas travas, vidros, espelhos, faróis e setas.
As adaptações utilizadas neste caso são:
Volante: é possível colocar um pomo giratório, uma alça para o encaixe das mãos ou de dois a três pinos para colocar o punho ou os dedos. Essas adaptações permitem que o condutor realize todas as manobras, uma vez que são presas ao volante, girando em torno do próprio eixo.
Freio e acelerador: uma alavanca consegue realizar a função de acelerar o carro, quando empurrada para trás e de brecar o veículo quando colocada para frente. Em alguns casos, a alavanca pode ser alongada, para ficar mais próxima ao corpo.
Breque de mão: o breque pode ser acionado ao pinçar a alavanca ou apertar o botão. Em casos específicos, é colocada uma espécie de alça para o seu acionamento.
Pessoas com todos os movimentos e força nos braços, como o caso dos paraplégicos, podem dirigir veículos com ou sem câmbio automático e ainda com ou sem direção hidráulica.
Nos veículos com câmbio automático, a única adaptação importante é a alavanca para acelerar e frear.
Algumas pessoas preferem os aceleradores que ficam no volante, o que pode aumentar o custo final do carro.
Já nos automóveis com transmissão mecânica, a embreagem é acionada com um simples toque da mão no câmbio ou pressionamento do freio.
Dessa forma, o carro fica pronto para engatar ou desengatar as marchas.
Existem ainda outras características nos carros adaptados.
Vamos entender um pouco mais sobre cada uma delas:
Abertura da porta do motorista: quanto maior o ângulo de abertura da porta, mais fácil realizar a entrada no carro.
Altura do veículo e do banco do motorista: para uma entrada segura e com maior facilidade, o ideal é que a altura do veículo seja próxima à altura da base da cadeira de rodas.
Largura das portas: dependendo do tamanho da porta, se for muito estreita, pode impedir a entrada da pessoa com deficiência.
Altura do volante: se o volante estiver muito baixo, pode atrapalhar a passagem das pernas e também complicar a instalação do freio e do acelerador.
Peso do volante e do freio: uma direção muito pesada torna difícil a dirigibilidade do carro, levando em consideração que, na maioria das vezes, uma mão fica no volante e a outra é utilizada para acelerar e frear.
Tamanho do porta malas: item muito importante, pois deve, no mínimo, acomodar a cadeira de rodas e equipamentos utilizados para a locomoção.
Elevador: ajuda na entrada no carro e pode ser acoplado ao automóvel.
Plataforma: espécie de elevador em que a pessoa sobe com a cadeira de rodas e consegue acionar um controle para subida ou descida. Nesse caso, o condutor não precisa sair da cadeira de rodas, que é encaixada no lugar do banco do motorista.
Rampa: facilita a entrada no veículo.
Bancos facilitadores de acesso: o banco se desloca para fora do carro, então, a pessoa se transfere para ele e depois o banco volta ao local de origem.
Agora que conhece as características e itens presentes em um carro adaptado, resta saber como isso tudo funciona, não é mesmo?
É sobre isso que iremos falar no próximo tópico.
Dirigir um carro adaptado parece tarefa simples, e realmente é.
Por outro lado, exige um pouco mais de atenção, principalmente no início, até se acostumar com todas as suas características.
Na maioria dos carros para pessoa com deficiência, o volante possui uma adaptação.
Isso acontece para que ele seja movimentado com uma mão só, enquanto a outra fica livre para acionar o acelerador, freio e até mesmo o ar condicionado.
É preciso muita coordenação, principalmente para os destros, apesar de poder personalizar o carro e trocar os equipamentos para que sejam operados com a mão esquerda.
Para o conhecimento de todos, dirigir com uma mão só, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), seria considerado infração.
Mas não é, desde que a outra mão seja utilizada para acionar acessórios e equipamentos do automóvel.
Então, se você é uma pessoa com deficiência e tem receio da mão pesada da lei, fique tranquilo.
Você não pode ser multado por isso.
E se acabar sendo, por má fé ou desconhecimento do agente de trânsito, deve recorrer e cancelar a multa com tranquilidade.
Como já destacado, não há segredos para dirigir bem um carro adaptado, com características voltadas ao conforto e segurança da pessoa com deficiência.
A principal diferença do carro adaptado para o comum é o acionamento do acelerador e do freio feitos com a mão.
A alavanca mais popular, conhecida como puxa-empurra, requer suavidade no uso, pois ela é muito sensível.
Sendo assim, é importante que o motorista, principalmente o condutor de primeira viagem, treine os reflexos e aperfeiçoe essa parte cada vez mais.
É essencial para não se confundir ao puxar (acelerar) ou empurrar (frear) a alavanca.
Outra dica é deixar o encosto do banco mais ereto.
Isso facilita o manejo da alavanca e outros movimentos, como ligar a seta ou os faróis.
Conforme você dirige, tudo isso vai se tornando mais fácil e prático no dia a dia.
É algo que tira de letra, certamente.
Muito ajuda se você acertar na compra de um carro adaptado, que é o assunto sobre o qual falaremos no próximo tópico.
Como já destacado, é verdade que a variedade de modelos de veículos adaptados a pessoas com deficiência é menor.
Mas isso não significa que o mercado não seja bem atendido.
Basta observar os números para entender.
Se, por um lado, a venda de carros novos se mostra em declínio, o mercado de carros adaptados não para de crescer.
De acordo com o presidente da Abridef (Associação Brasileira de Indústria, Comércio e Serviço de tecnologia Assistida), Rodrigo Rosso, em todo o ano de 2016, foram vendidos 139 mil carros adaptados.
Somente no primeiro semestre de 2017, esse número já alcançou 130 mil unidades.
Nota-se, portanto, uma preocupação da indústria com o público PCD.
Quem sabe não é a hora certa de você investir em um novo automóvel?
Para comprar um carro adaptado é preciso um pouco de paciência, pois o processo costuma ser lento e burocrático.
O primeiro passo é tirar uma carteira de habilitação específica.
No documento, devem constar as necessidades do condutor e as adaptações necessárias a realizar no veículo.
Depois, um médico credenciado ao SUS (Sistema Único de Saúde) deverá atestar a deficiência e a incapacidade de dirigir veículos comuns.
Feito isso, o portador de necessidades especiais deve ir até a Receita Federal para pedir a isenção dos impostos, além de tirar uma Certidão Negativa de Tributos e Contribuições Federais.
Caso o condutor tenha disponibilidade, ele deverá preencher os requerimentos e apresentar o laudo e toda a documentação.
Por outro lado, se possuir uma deficiência mental severa, deficiência visual ou física ou autismo, um representante legal pode realizar esse procedimento.
Com a liberação da isenção do IPI em mãos, emitida pela Receita Federal, você pode ir até uma concessionária escolher o modelo desejado.
A loja, então, entregará uma carta com o modelo definido.
Para conseguir a isenção do ICMS (para carros de até R$ 70 mil), o motorista deve levar a carta da concessionária até a Secretaria da Fazenda.
Quase desistindo? Não desanime!
Depois de todo esse processo, finalmente é chegada a hora de comprar o veículo.
A última etapa é retornar ao Detran, o Departamento Estadual de Trânsito, para que o documento do carro conste como intransferível e tenha a isenção do IPVA.
Se a pessoa morar na cidade de São Paulo, pode ainda ir até a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) para pedir a isenção de multas referentes ao rodízio.
Apesar de toda essa burocracia, a boa notícia é que, devido ao crescimento nas vendas de carros adaptados, muitas concessionárias estão oferecendo atendimento diferenciado para os portadores de deficiência.
Vale ressaltar que:
O prazo máximo para o comprador adquirir o veículo, após a permissão da autoridade fiscal, é de 270 dias.
O comprador deve permanecer com o automóvel por, no mínimo, dois anos;
Para conseguir a isenção do IPI, ICMS e também do IOF, o carro deve ter potência máxima de 129 cv.
Você talvez possa comprar um carro adaptado e não sabia.
Aliás, isso é comum entre muitos brasileiros, que acabam não dando a devida atenção às leis.
No Brasil, veja quais são as patologias que garantem ao seu portador o benefício de aquisição de um veículo adaptado:
Ausência ou má formação de membro: nanismo, mastectomia, quadrantectomia (retirada de parte da mama), amputação e encurtamento de membros (e familiares);
Problemas de coluna (graves ou crônicos): escoliose acentuada, espondilite anquilosante e hérnia de disco (e familiares);
Doença que afete braços e ombros: túnel do carpo, bursites, tendinite e manguito do rotador (e familiares);
Doença neurológica ou degenerativa: mal de Parkinson, Síndrome de Down, AVC (Acidente Vascular Cerebral), paralisia cerebral, AVE (Acidente vascular Encefálico), esclerose múltipla, usuário de talidomida e ostomia (e familiares);
Portadores de patologias: diabetes, hepatite C, HIV+, renais crônicos (com fístula), hemofílicos, cânceres, cardiopatia e linfomas (e familiares);
Paralisias: triplegia, triparesia, monoplegia, monoparesia, paraplegia, tetraplegia, tetraparesia, hemiplegia (e familiares);
Nervos e ossos: artrite reumatóide, artrose, artrodese, lesões por esforços repetitivos, próteses internas e externas (quadril, joelho, coluna, entre outras) e poliomielite (e familiares);
Visual: acuidade visual menor que 20/200 (índice de Snellen) no melhor olho, campo visual menor que 20º ou ambos (e familiares).
De acordo com a deficiência diagnosticada, o médico que emite o laudo poderá impor algumas restrições.
Veja exemplos:
Uso de lentes corretivas (A);
Uso de prótese auditiva (B);
Uso de acelerador à esquerda (C);
Uso de carro com transmissão automática (D);
Uso de empunhadura/manopla/pômo no volante (E);
Uso de veículo com direção hidráulica (F);
Uso de embreagem manual ou com automação de embreagem ou com transmissão automática (G);
Uso de acelerador e freio manual (H);
Uso de adaptação dos comandos de painel ao volante (I);
Uso de adaptação dos comandos de painel para os membros inferiores e/ou outras partes do corpo (J);
Uso de veículo com prolongamento da alavanca de câmbio e/ou almofadas fixas de compensação de altura e/ou profundidade (K);
Uso de veículos com prolongadores de pedais e elevação do assoalho e/ou almofadas fixas de compensação de altura ou profundidade (L);
Vedado dirigir em rodovias e via de trânsito rápido (T);
Vedado dirigir após o pôr do sol (U);
Aposentado por invalidez (W);
Outras restrições (X);
Deficiente auditivo (Y);
Visão monocular (Z).
Caso a pessoa não seja capaz de dirigir um veículo ou seja menor de idade, a compra pode ser feita em nome de um responsável e ele ainda pode indicar até três pessoas para guiar o carro.
Os valores dos carros adaptados variam muito de acordo com cada montadora e também com a motorização.
Na tabela abaixo, você pode conferir o valor original de alguns veículos – de acordo com a tabela Fipe – e o preço para pessoas de deficiência.
Confira!
Modelo | Valor sem desconto | Valor com desconto |
Chevrolet Onix LTZ 1.4 AT | R$ 60.950 | R$ 42.853 |
Hyundai Creta 1.6 Attitude | R$ 69.000 | R$ 53.893 |
Toyota Etios Sedã XLS 1.5 AT | R$ 64.190 | R$ 50.076 |
Peugeot 2008 1.6 Allure AT | R$ 69.990 | R$ 49.990 |
Jeep renegade 1.8 Flex AT | R$ 69.990 | R$ 54.655 |
Toyota Corolla 1.8 GLi | R$ 69.990 | R$ 54.654 |
Honda HR-V EX 1.8 CVT | R$ 94.200 | R$ 84.172 |
Toyota Corolla XEi 2.0 CVT | R$ 96.990 | R$ 87.301 |
Audi A3 Sedã 1.4 TSI Ambition | R$ 148.190 | R$ 118.872 |
Esses valores com desconto se referem ao carro ainda sem adaptação.
O dono do veículo deve ter em mente que será preciso gastar posteriormente à compra para realizar alterações.
É importante lembrar ainda que carros acima de R$ 70 mil não possuem isenção de ICMS, apenas de IPI.
Levando esses aspectos em conta, dá para fazer uma boa compra.
Mas não custa repetir: pesquisar é preciso.
Os cuidados com carro adaptado começam a partir da sua escolha.
De nada adianta ter um veículo com grande acessibilidade interna se ele não possui um design adequado para as suas necessidades.
O ideal é avaliar o interior do automóvel, mas também levar em conta a abertura de portas e do porta-malas, principalmente para as pessoas com deficiência que usam cadeira de rodas.
Alguns recursos também são importantes para facilitar seu dia a dia.
Entre eles, piloto automático, direção elétrica e estacionamento automático.
Dependendo da patologia do condutor, esses itens podem ser indispensáveis.
Outro ponto que merece destaque, ao comprar um carro adaptado, é o seguro.
Muitas seguradoras aplicam um desconto sobre o prêmio.
Elas assim o fazem devido ao valor dos impostos que o segurado deixou de pagar quando adquiriu o automóvel.
Comprar um carro adaptado pode ser uma ótima oportunidade para quem se enquadra nesse perfil.
É possível economizar até 28% no preço do veículo.
Porém, é preciso ter paciência para fazer a escolha certa e também para realizar todos os trâmites necessários para confirmar a aquisição.
A procura por carros adaptados cresce cada dia mais, mas a burocracia não diminui.
Como vimos neste artigo, é exigido da pessoa com deficiência (ou seu representante legal) uma verdadeira peregrinação por órgãos diferentes.
Entre autorizações daqui e dali, não esqueça de ter atenção redobrada na hora da compra.
É de extrema importância que o modelo escolhido atenda às necessidades.
Isso não significa apenas adaptações internas, mas também o design do veículo deve favorecer a entrada da pessoa para o carro, principalmente para quem usa cadeira de rodas.
A grande diferença do carro adaptado está na forma como o condutor acelera e freia o carro.
Isso acontece através de uma alavanca, além da utilização de alças ou pomos conectados ao volante para facilitar a realização das manobras.
Tudo isso gera um desconforto inicial, já que é uma modo de dirigir até então desconhecido.
Por outro lado, com a prática, tudo se torna fácil.
Aproveite as dicas que conferiu neste artigo para fazer um bom negócio e ter em casa um automóvel que realmente faça a diferença na sua vida.
Vale a pena ter um carro adaptado, por mais cansativo que seja o processo.
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