Apesar dos dados divulgados pelo Painel Mobilidade Urbana apontarem que a maioria dos condutores em São Paulo (SP) não descumpre as leis de trânsito, os índices de infrações ainda preocupam, assim como o número dos infratores que, com algum histórico de multas, continuam a circular pela cidade.
Em média, 180 veículos circulam em São Paulo com algum histórico de multa superior a 1 (um) milhão de reais. E as histórias são as mais absurdas possíveis.
Recentemente, entre estes veículos, estava um carro com mais de R$ 3 milhões em multas de trânsito vencidas. De acordo com a Polícia Municipal de São Paulo, o veículo possuía 1.401 infrações de trânsito, que, quando somadas, atingiam R$ 3.055.186,47 em débitos.
O carro, que era clonado, foi apreendido e levado para o pátio do Departamento de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) e o motorista liberado.
No entanto, saiba que essas apreensões nem sempre acontecem de forma fácil, já que alguns motoristas conseguem driblar os órgãos responsáveis.
Um destes casos foi notícia este ano, já que durante 6 meses o até então campeão de multas de SP foi caçado pelas ruas da cidade.
Essa caça só teve seu fim quando o Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) armou uma campana na Zona Leste de SP, onde a maioria das irregularidades haviam sido cometidas pelo condutor.
A operação foi relatada na revista Veja São Paulo e chama a atenção pelos absurdos apontados como feitos pelo motorista em questão.
Segundo os dados coletados, as infrações cometidas pelo campeão das multas ocorriam às 6 da manhã ou às 8 da noite, em diferentes pontos da Avenida Aricanduva, em São Paulo.
A grande maioria das penalidades aplicadas era por conta do excesso de velocidade, porém, invasão de faixa de ônibus, avanço de sinal vermelho e falta de segurança também estavam entre as penalidades.
A estratégia do CPTran deu resultado por volta das 6 da manhã do dia 24 de julho, após 3 dias no mesmo ponto, segundo o PM Fabricio Martins Coimbra.
No volante, estava o vendedor Oseias de Souza Rodrigues, de 38 anos, que não pareceu surpreso com a apreensão.
Circulando com o carro desde 2015, Rodrigues afirmou ter sido um bom negócio, pois o veículo custou R$ 600 e tinha poucas multas.
Porém, para quem fez a apreensão, a situação não parecia tão promissora, já que as lanternas do carro estavam penduradas, os pneus carecas e a lataria bastante amassada.
Com isto, após ser recolhido, o carro teve o mesmo destino da maioria dos veículos apreendidos na cidade: foi para o leilão de sucata.
Você deve estar pensando em qual situação ficou a CNH de Rodrigues, certo? Pois então, nenhuma, já que ele não possuía o documento.
Sim, ele cometia mais essa infração. Mas caso ele tivesse uma, teria perdido a CNH mais de 400 vezes.
Para justificar seus atos, o vendedor afirmou que o número de multas recebidas não fazia diferença e que, apesar das infrações, nunca colocou a vida de ninguém em risco por dirigir bêbado.
Com isso, percebemos que o condutor está muito equivocado em vários sentidos, já que avançar o sinal e o excesso de velocidade estão entre as infrações de trânsito que mais matam no Brasil, ou seja, ele estava, sim, colocando vidas em risco durante estes dois anos em que dirigiu o veículo.
Ainda segundo a Veja SP, em um mesmo dia no ano de 2016, Rodrigues descumpriu dezesseis regras de trânsito, em um intervalo de 24h. Naquele dia, pela manhã, às 6h18min, invadiu uma faixa de ônibus e excedeu o limite de velocidade na Avenida Aricanduva em SP.
E, em apenas 10 minutos, foi flagrado outras três vezes por radares nas imediações da Rua Melo Freire.
Mais tarde, voltou a cometer infrações a partir das 19h18min, na Avenida Alcântara Machado, por acelerar demais e, após isto, foi novamente flagrado em mais infrações, em um intervalo de vinte minutos, até estacionar o veículo.
Quando averiguado, o carro em registro apareceu no nome da empresa BV Financeira. Ao ser procurada, a companhia disse ter vendido o automóvel ao empresário Douglas Borgoni, proprietário de uma concessionária de revendas na cidade de Mauá, e ter comunicado a transferência ao Detran em 2009.
Conforme a lei, se o antigo proprietário não relatar a transferência ao Detran de seu estado em 30 dias, continuará a ser responsabilizado por tributos do veículo.
E isto foi justamente o que aconteceu com Borgoni ao vender o veículo, pois não teve o mesmo cuidado, sendo assim, o empresário, que lamentou a falta de descuido, está sendo cobrado em 20 milhões de reais, e tendo que responder pelo caso.
Rodrigues, entretanto, pagou uma multa de R$ 880 reais por guiar sem CNH, e não deve mais nada à Justiça.
Portanto, caso você esteja prestes a comprar um veículo usado, saiba que entre tantos cuidados que você precisa ter, consultar o número de multas do veículo é uma delas.
Você consegue obter esta informação por meio do site do Denatran de seu estado, que no caso de São Paulo é aqui neste link. Lembre também que é importante, ao efetuar uma venda, fazer a transferência para o CPF ou CNPJ do novo condutor, caso contrário, isto poderá gerar sérios danos em seu nome.
Você sabe quais as diferentes entre retenção, remoção e apreensão de veículos? Leia este artigo publicado em nosso site.
Referências:
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