A causa mais óbvia, talvez, de surgir uma infiltração no carro é a chuva.
De panes no painel elétrico a motor estragado, a infiltração no carro é também um dos possíveis problemas que podem aparecer durante os dias de chuva.
Independentemente de ser um pouco de água que entra pela porta ou um caso mais sério, como alagamento, ninguém quer lidar com um problema desses.
Por isso, antes de comprar um carro, tenha em mente que, além do conforto de poder se locomover particularmente entre os lugares, ter um carro exige tempo para cuidados e dinheiro para arcar com os gastos que surgem pelo caminho.
Nesse caso, considere contratar uma seguradora. Pense bem e pesquise muito antes de assinar contrato e também esteja atento às chances de economizar.
O pacote mais comum entre os ofertados pelas seguradoras é o compreensivo. Essas apólices cobrem totalmente os danos causados por chuvas.
Porém, isso não quer dizer que qualquer dano que ocorrer durante uma chuva será ressarcido pela seguradora.
Isso porque o seguro cobre apenas o estrago imprevisível e inevitável que um fenômeno natural como a chuva é capaz de causar.
Dessa forma, se seu carro for inundado, quando estiver no conserto, um técnico da empresa de seguros realizará uma perícia e só depois da emissão de um laudo o mecânico é autorizado a iniciar os reparos.
Essa perícia serve para detectar a causa do sinistro. Caso seja constatado que o condutor colocou intencionalmente o carro em situação de risco, a cobertura será descartada.
Sinistro é o termo utilizado pelas seguradoras para designar os prejuízos ocorridos com um veículo.
O contrato entre cliente e seguradora estipula, previamente, quais sinistros são de responsabilidade da segunda e como ocorrerá o conserto ou o ressarcimento dos gastos com a restauração.
Existem três tipos de danos, classificados pela Resolução 544/2015 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de forma progressiva em relação à dimensão dos estragos.
São eles: danos de pequena, média e grande monta.
A resolução define que, ao preencher o relatório de avarias em decorrência de acidentes, o agente de trânsito deve assinalar “sim” se houver dano físico a um componente estrutural ou de segurança passiva.
Se um componente estrutural não existia originalmente ou não houve dano físico em nenhum deles, o agente deve marcar “não”.
Em situações especiais que impedem o agente responsável de identificar dano em algum componente estrutural, é marcado “NA”, ou seja, não avaliado.
Após o preenchimento do relatório de avarias, a classificação dos estragos em uma das três categorias é feita por meio da soma dos pontos.
De acordo com o Anexo I da Resolução 544, são elas:
“3.2. A classificação do dano na categoria “pequena monta” dar-se-á quando o total de itens assinalados na coluna “SIM” somados aos da coluna “NA” for no máximo 1 (um) item.”
“3.3 A classificação do dano na categoria “média monta” dar-se-á quando o total de itens assinalados na coluna “SIM” somados aos da coluna “NA” for superior a 1 (um) não superior a 6 (seis) itens.”
“3.4. A classificação do dano na categoria “grande monta” dar-se-á quando o total de itens assinalados na coluna “SIM” somados aos da coluna “NA” for superior a 6 (seis) itens, o que implica também na classificação do veículo como irrecuperável.”
Todos os veículos que enfrentam uma chuva forte estão sujeitos a algum dano em cada uma dessas categorias.
Se o seu problema de infiltração no carro não é consequência de uma enchente, não é tão sério e a água molhou apenas o assoalho, a solução é mais simples e, se você não tem seguro, é válido tentar fazer essa lavagem caseira seguindo quatro passos:
abra as portas em um dia ensolarado para que o ar circule pelo carro;
tire os carpetes, higienize-os com água, sabão e desinfetante;
deixe os carpetes expostos ao sol até que sequem;
coloque jornais debaixo do carpete para diminuir a umidade.
Essas quatro tarefas vão melhorar também o mau cheiro que costuma impregnar os automóveis após uma infiltração.
Se o mau cheiro persistir, será necessário levar a uma oficina, pois provavelmente a água chegou ao feltro – que fica embaixo do carpete – e só a troca por um novo resolve o problema.
A questão é que não é necessário ocorrer uma enchente ou chover por muitos dias para surgir um problema de infiltração no carro.
Se a revisão do automóvel não estiver em dia, uma peça fora do lugar ou em estado precário pode causar uma infiltração no carro caso ele passe por uma lavagem.
Borrachas
As borrachas que vedam as portas se desgastam com o tempo.
Além desse desgaste, que é maior nos carros mais antigos, existe o risco de alguma peça interna de acabamento plástico interferir na guarnição que veda a porta.
Por isso, de vez em quando, verifique essas peças plásticas e o seu contato com as borrachas.
Se você estiver com esse problema e não entender nada de carros, melhor contratar o serviço de uma oficina da sua cidade.
Mas se você tem habilidade para trabalhos manuais e ainda conhece um pouco do funcionamento das partes de um automóvel, vale a pena tentar remover a borracha da porta e remontá-la.
Outra causa para a infiltração no carro pode ser o mau posicionamento do revestimento de borrachas das portas, que costuma ser retirado na hora da manutenção.
Teto Solar
Carros com tetos solares não são os mais comuns, mas quem tem um automóvel com essa “janela” a mais precisa cuidar da sujeira acumulada nas quatro saídas de água, localizadas em cada canto da caixa onde é posicionado o teto.
Se você não limpar com regularidade, esses drenos podem entupir com o tempo e, na hora de serem colocados à prova – em um dia de chuva, por exemplo –, a água pode transbordar do teto para o interior do veículo.
Ar-condicionado
A água pode se infiltrar também pelos drenos da caixa do ventilador do ar-condicionado.
Isso acontece pelo mesmo princípio do teto solar: folhas de árvores e poeira entram pelas saídas de água, obstruindo o escoamento, fazendo transbordar água para dentro do carro.
A boa notícia é que o sistema não sofre danos com a infiltração, embora você ainda tenha de lidar com o carro molhado.
Mas, segundo Roberto Gozzo, em entrevista para revista Autoesporte, “o ar condicionado é uma peça que sempre funciona úmida, pois a parte que gela o ar está sempre molhada”.
Portas
A terceira causa de infiltração no carro por meio de drenos entupidos acontece nas portas.
Apesar de ser esperado que o interior das portas acumule água, drenos são estrategicamente instalados para liberar o excesso.
Porém, mais uma vez, a poluição que infesta as vias urbanas aglutina-se no espaço que deveria estar desobstruído para escoar a água sem dificuldade, o que acaba impedindo o bom funcionamento da peça.
Para solucionar o problema, não é necessário procurar um profissional no primeiro momento.
Você pode usar um palito de madeira ou alguma peça de plástico – evite as metálicas, que podem causar danos – para limpar os drenos e retirar a água acumulada dentro das portas.
Lanternas
As lanternas, por serem peças internas, talvez não sejam o foco da atenção quando o assunto é evitar ou descobrir a causa de uma infiltração.
Contudo, a má colocação ou vedação ineficaz dessas peças pode, sim, gerar a entrada de água pelo porta-malas.
Para-brisa
Um para-brisa mal instalado pode deixar vazar água por meio do cordão e colagem.
Os carros antigos, por utilizarem borrachas de guarnição ao redor do vidro, também podem sofrer infiltrações.
Aliás, falando em para-brisa, você sabia que andar com ele trincado é uma infração de trânsito?
A Resolução nº 216/2006 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), no seu primeiro artigo, busca “fixar requisitos técnicos e estabelecer exigências sobre as condições de segurança dos para-brisas de veículos automotores e de visibilidade do condutor para fins de circulação nas vias públicas”.
O artigo 230 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), por sua vez, define ser infração grave conduzir veículo em mau estado de conservação.
Combinando a interpretação da resolução do Contran com o artigo do CTB, o condutor que dirigir veículo com uma trinca de 10 centímetros de comprimento ou 4 centímetros de diâmetro estará sujeito a pagar multa e sofrer medida administrativa de retenção de veículo para regularização.
Esse é mais um motivo, então, para manter a manutenção do seu carro em dia. A melhor prevenção é, sem dúvida, revisar com frequência todas as partes mencionadas anteriormente.
Assoalho
Se você é condutor há bastante tempo, dificilmente não dirigiu na chuva.
E se você dirigiu provavelmente já notou o carro jogando água para cima ao passar por uma rua alagada.
Além do risco de estragar o motor, enfrentar uma enchente no trânsito pode danificar os “plugs” que ficam no assoalho do veículo, vedados por borrachas.
Esses “plugs” podem estragar em uma raspada do assoalho em uma lombada ou outro obstáculo que escape à visão do motorista.
É o caso da dentista Olga Marinho que, ao dirigir na sua cidade durante a chuva, foi fazer o cruzamento em um local alagado e não enxergou um declínio entre as pavimentações das ruas.
“Parecia que tinha entrado em um buraco mesmo. Como passei muito rápido, a água acumulada nesse declínio voltou com força para cima do meu carro e acabou entrando instantaneamente no interior do veículo, pelo assoalho”, explica Olga.
Um pouco de água no assoalho já vimos que não é um grande perigo, mas é preciso ter cuidado para a água não invadir o revestimento que fica embaixo do assoalho – porque aí só trocando (se for de feltro) por um novo.
A verdade é que os veículos estão sujeitos aos piores estragos mecânicos e estruturais durante as enchentes.
Não só pela lama e água que entram no carro durante o entra-e-sai do motorista e dos passageiros, mas pelo motivo que a dentista Olga já antecipou – passar rapidamente pelo alagamento.
O perigo desse comportamento é dar chance para o veículo aspirar água e provocar o calço hidráulico.
O calço hidráulico ocorre quando os gases que saem pelo escapamento falham em evitar que a água transborde para a câmara de combustão, indicando que o motor travou.
Como provavelmente ninguém quer ter de arcar com as despesas de um motor danificado, leve a sério quando lhe disserem que trechos alagados só devem ser atravessados em baixa velocidade.
A justificativa mais óbvia é a questão da visibilidade.
Para dirigir com segurança, o jeito é andar devagar, olhando para todos os lados, distanciar-se dos outros carros e, principalmente, dos ônibus que, por serem grandes, geram ondas e acabam prejudicando os veículos menores.
Além da visibilidade ser prejudicada em função da água, a aerodinâmica dos carros pode atrapalhar o condutor se ele não prestar atenção.
No meio do alagamento, ela faz com que a água seja jogada para cima. O que não pode acontecer é essa corrente de água entrar pelo escapamento ou na entrada de filtro de ar.
A entrada de filtro de ar está mais propícia a ser invadida pela água do que o escapamento, pois fica na parte da frente do carro, na altura do farol, atrás da grade.
Como o escapamento solta muitos gases, consegue combater o fluxo de água por um período.
Mas confiar na força do escapamento não é a melhor opção, já que o motor suga a água que se espalha pela frente do carro durante a enchente.
Uma dica que, a princípio, parece não ter muita ligação com a possibilidade de infiltração no carro, é a de nunca mudar a marcha no meio do trânsito caótico que se forma durante as enchentes.
Muitas pessoas têm medo de fazer isso porque, como é ensinado na autoescola, o pé tem de soltar completamente o acelerador enquanto se troca a marcha.
Logo, se é mais seguro manter o carro em baixa velocidade ao transitar em vias alagadas, ao mesmo tempo em que a chuva não cessa, tirar o pé do acelerador realmente não é o mais indicado.
Só que temos de levar em conta também que o trânsito como um todo é prejudicado pelo acúmulo de água, por isso certas coisas são imprevisíveis e às vezes é necessário mudar de marcha para evitar que o carro apague.
Perder o controle da direção no meio do tráfego confuso que o volume de água causa provavelmente vai resultar em infiltração no carro, seja pelas partes que você já leu anteriormente, as quais podem gerar o transbordamento de água para o interior, ou até mesmo porque você precisará sair do veículo para buscar ajuda e essa ação pode encharcar seu carro, dependendo da altura da água.
Portanto, lide com o imprevisível lembrando-se da época em que você era um motorista principiante – mude a marcha com o pé no acelerador.
Tanto os carros manuais quanto os automáticos se beneficiam da constante manutenção de suas peças e da boa postura do motorista no trânsito.
Entre todas as engenharias mecânica e elétrica que envolvem a construção de um veículo, quem dirige os modelos elétricos pode se perguntar se é possível receber um choque quando não há como evitar a infiltração no carro durante os alagamentos.
No entanto, conforme a Associação Brasileira de Veículos Elétricos, o contato com a água faz parte das situações especiais que as baterias dos carros elétricos foram planejadas para suportar.
Isso quer dizer que os dispositivos internos, conectores e baterias estão isolados do ambiente externo, eliminando a possibilidade dessas partes causarem infiltração no carro.
Para evitar uma pane elétrica – que obrigaria você a parar no meio da rua alagada –, é importante não usar componentes internos que não sejam fundamentais para o funcionamento do carro, como o ar condicionado e o som.
Depois de concluir a leitura deste artigo, você está ciente que, para não precisar lidar com infiltração no carro, a melhor atitude é a prevenção.
Por isso, mantenha a revisão do seu carro em dia. Agora você já sabe que é possível checar algumas partes em casa, então não deixe de limpar as saídas de água das portas, do teto-solar, do ar-condicionado e do assoalho.
Preste atenção também nas borrachas, lanternas e para-brisas – a má condição dos últimos pode gerar multa.
Claro que, se você for multado por andar com o farol e lanternas apagados ou queimados, é um direito seu entrar com um recurso de defesa para não sofrer com as penalidades da infração.
Como a boa manutenção não impede totalmente que surja uma infiltração no carro enquanto ele circula nos alagamentos formados no trânsito durante as chuvas e enchentes, não se esqueça do que você aprendeu aqui sobre manter a velocidade baixa e constante.
Dirigir com atenção e respeito não só contribui para a formação de um trânsito consciente e seguro, mas ajuda a não causar uma infiltração no carro por negligência do próprio motorista durante a chuva.
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