A maioria das pessoas mantém uma relação de afeto profunda com seus animais de estimação, principalmente com cães e gatos.
Essa afeição se reflete tanto na vida dessas pessoas que, em grande parte das residências, os pets são tratados como parte da família.
Se você é um amante de animais de estimação, com certeza sabe o quão difícil é deixá-los em casa sem companhia.
Para eles, a separação também não é nada fácil. A ausência de seus donos é delicada, principalmente para os cachorros que costumam ser mais dependentes.
E, por mais que a nossa vontade de andar sempre junto a eles seja grande, nem sempre é possível carregar o animal para todos os lugares, pois a maioria dos estabelecimentos não permite a entrada de animais.
Nesse momento, surge a ideia de deixar o pet dentro do veículo, enquanto fazemos nossas atividades diárias.
No entanto, essa alternativa pode pôr a vida do animal em risco.
Diversas vezes no ano recebemos notícias de morte de animais, principalmente de cães, após ficarem presos dentro do carro.
Mesmo nos dias em que a temperatura está mais baixa, deixar o seu cachorro no veículo com os vidros totalmente fechados é muito perigoso.
Preparei um infográfico para que você entenda melhor essa questão.
Os cães, ao contrário de nós, não possuem glândulas sudoríparas espalhadas pela extensão da pele. Nos humanos, essas glândulas funcionam como termorreguladoras do organismo, pois liberam o excesso de calor por meio do suor.
Os cachorros têm um mecanismo de regulação da transpiração diferente: eles se refrescam pela língua e pelas almofadas das patas.
Quando o calor excessivo é percebido pelo animal, automaticamente, seu corpo começa a bombear sangue quente para a língua, fazendo com que ela aqueça rapidamente. Assim, as glândulas salivares produzem umidade para a evaporação do calor acumulado no organismo.
Nas almofadas das patas dos cachorros também existem glândulas responsáveis pela liberação do calor.
São apenas essas duas partes do corpo que trabalham na regulação da temperatura do animal. Essa pouca quantidade de glândulas se reflete na dificuldade de dissipar o calor, facilitando o superaquecimento do animal.
Além disso, tanto os cães de grande porte quanto os de pequeno porte têm de lidar com mais um fator que compromete a transpiração: seu tamanho.
A transpiração nos cães de grande porte é dificultada pela extensão corporal do animal que, quanto maior, gera mais calor do que eles conseguem expelir.
Os cães de pequeno porte também são afetados pelo seu tamanho, pois são mais sensíveis à alteração climática.
Em exposição às altas temperaturas, essa dificuldade é reforçada. Por isso, no verão, os cães ofegam com frequência. É desse modo que eles conseguem refrigerar seus corpos.
Em dias de verão, a temperatura dentro do veículo é consideravelmente elevada em relação à temperatura externa.
De acordo com um estudo realizado, representado no gráfico deste artigo, em apenas 30 minutos, a temperatura interna de um veículo pode dobrar, quando exposto ao sol com os vidros fechados, ou seja, sem circulação do ar.
Conforme demonstrado no gráfico, uma temperatura externa relativamente amena, na faixa dos 21°, dentro do veículo se transforma em 40°, clima comum na região do Saara.
O acúmulo de calor ocorre em razão da falta de ventilação no interior do veículo. Mesmo que as janelas estejam um pouco abertas, a quantidade de ar circulando ainda pode não ser suficiente para que o cachorro consiga respirar satisfatoriamente e equilibrar a temperatura corporal.
Nessa situação, o cão certamente sofrerá os efeitos do calor, os quais incluem respiração ofegante, salivação espessa e excessiva, vômito, diarreia, falta de coordenação motora, convulsões e, até mesmo, desmaio.
É difícil determinar por quanto tempo os cachorros em carros fechados são capazes de suportar a alta temperatura e a falta de ventilação interna. Isso pode variar dependendo das condições climáticas ambientais e da resistência do próprio animal.
De qualquer modo, em pouco tempo preso dentro do veículo, o cão pode começar a apresentar esses sintomas. A falta de circulação do ar somada à falta de ingestão de líquido leva à desidratação e, por consequência, pode fazer com que o cachorro desenvolva uma insolação.
A insolação ou hipertermia ocorre quando o corpo não consegue manter a temperatura equilibrada que, no caso do cão, é em torno de 37°, 38°.
Ao atingirem a temperatura em torno dos 41°, é grande a probabilidade de os cachorros em carros fechados ficarem hipertérmicos e, com isso, terem falência múltipla dos órgãos, o que levaria à morte.
Mesmo no inverno, em que as temperaturas se mantêm baixas, ainda existem riscos de os cachorros em carros fechados desenvolverem problemas cognitivos ou, na pior das hipóteses, morrerem em menos de 15 minutos.
É importante que você, além de estar atento aos riscos envolvidos no ato de deixar o animal preso no veículo, também saiba quais medidas adotar caso encontre um nessas condições.
É recomendado, ao indivíduo que encontrar o animal preso no carro, visivelmente padecendo, primeiramente, informar às autoridades policiais sobre a situação, pois elas estão preparadas para agir nessas circunstâncias, sem colocar em risco à integridade física do animal.
Contudo, sabemos que nem sempre as autoridades atendem aos chamados, por motivos diversos. Nesse contexto, em que existe a probabilidade de o animal falecer, as pessoas são impelidas a agir para salvá-lo, quebrando os vidros da janela, logo, atentando contra o veículo.
Nesse caso, há a possibilidade de o indivíduo responsável pela ação ser acusado por crime de dano pelo proprietário do veículo. Tal crime prevê, como penalidades, a multa pecuniária e, possivelmente, 3 anos de detenção.
No entanto, o Código Penal dispõe, em seus artigos 23 e 24, que, em estado de extrema necessidade, o indivíduo não poderá ser penalizado por agir em prol da vida.
Portanto, cabe interpretar os artigos a favor da ação, caso seja necessário romper os vidros, e buscar defender-se no judiciário. Porém, dependerá de o juiz responsável pela consideração do caso consentir ou não a defesa do indivíduo.
Ademais, assim que o animal for retirado do veículo, você mesmo poderá prestar os primeiros socorros. Leve-o para um local fresco e, se possível, cubra a região da cabeça e do pescoço com toalhas molhadas em água fresca para que a temperatura normalize.
Caso não esteja muito debilitado, ofereça a ele um pouco de água também em temperatura fresca.
E, mesmo que o animal esteja aparentemente recuperado, é importante levá-lo a um veterinário para descartar possíveis complicações posteriores.
Certamente, caso seja necessário, ele ficará em observação e receberá os devidos cuidados médicos.
É muito importante agir diante de uma situação como essa, pois o animal não tem como se desvencilhar por conta própria.
Nós, enquanto seres capazes de ajudar, devemos fazer o possível para salvar a vida do cão, assim como faríamos para salvar a vida de outra pessoa.
Nem todo mundo tem profundo apreço pelos animais, mas para muitas pessoas eles são como filhos, ou seja, são extremamente importantes para o círculo familiar.
Devemos considerar que o proprietário do veículo pode ter esquecido o animal preso dentro do automóvel ou apenas não considerou os riscos quando o deixou ali.
Sem dúvida, devemos agir tanto pela vida do animal quanto por quem o deixou preso, sem fazer julgamentos prévios.
Antes de encerrar este artigo, quero chamar a sua atenção para outra questão importante.
Saiba que você pode ter de responder pelo crime de maus tratos por deixar o animal preso no carro.
De acordo com o artigo 32 da Lei Federal N° 9.605/98:
“Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.”
A ação de deixar os cachorros em carros fechados, em situação de vulnerabilidade e sem acesso à comida ou água, é caracterizada como maus tratos, conforme o parágrafo II do artigo 3° do mesmo decreto:
“II - manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz;”
Tendo em vista que o Estado tem a tutela de todos os animais no país, conforme determinado no artigo 1° do Decreto 24.645/34, após a abertura do inquérito para apuração do crime, poderá ser aberto um processo judicial por parte do Estado.
Neste artigo, busquei destacar o quão perigoso é deixar seus cachorros em carros fechados, mesmo que por apenas alguns minutos.
Isso porque, como vimos, em menos de 15 minutos, os efeitos da falta de ventilação no interior do veículo e o consequente aumento da temperatura podem ocasionar uma fatalidade.
Expliquei a você como os cães regulam a sua temperatura corporal, ressaltando a sua natural dificuldade para se refrescar.
Levando esse fator em consideração, deixá-lo em um local em que não consiga respirar adequadamente potencializa essa dificuldade e pode ocasionar a sua morte.
Por isso, evite essa atitude. Mantenha o seu cão em lugares seguros, arejados e com água sempre a sua disposição.
É nosso dever zelar pela vida do animal, seja ele cachorro, gato, etc.
Tenho certeza de que as informações que trouxe para você serão úteis caso você se depare com um animal trancado em algum carro.
Lembre-se que minha equipe e eu estamos sempre à disposição para auxiliar você a recorrer de uma multa indevida.
Se você ficou com alguma dúvida referente ao tema deste artigo, deixe seu comentário.
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