Optar pelo álcool ou gasolina é uma decisão comum para quem possui um carro total flex.
Esses veículos possuem motores de combustão interna que funcionam com os dois tipos de combustível.
Mas qual será que vale mais a pena?
Geralmente, a questão financeira fala mais alto. Qualquer motorista se preocupa com o valor gasto por mês para abastecer seu veículo.
Afinal, as demais despesas para mantê-lo já são bem altas.
Primeiro, há gastos obrigatórios pagos todos os anos, como o seguro DPVAT, IPVA e o licenciamento.
Depois, vêm opcionais importantes, como o seguro privado.
Além de garagem, estacionamento, limpeza e, é claro, revisões e manutenções.
Some todos esses custos e veja quanto você gasta no final do ano com o seu veículo. Bastante dinheiro, não?
A questão é que, de todas essas despesas, é muito mais fácil economizar no combustível, pois um veículo muito usado é abastecido com grande frequência e esse, portanto, é o maior custo do proprietário.
Mas decidir entre o álcool ou gasolina é muito mais complexo do que comparar os preços que constam nas bombas dos postos.
E não estamos falando apenas na autonomia que cada tipo de combustível proporciona aos veículos. Eles possuem outras vantagens e desvantagens.
Falaremos sobre tudo isso aqui, para auxiliar na tarefa de decidir entre álcool ou gasolina.
As informações a seguir também são muito úteis para quem está interessado em comprar um carro flex.
Boa leitura!
Álcool Ou Gasolina: Vale a Pena Ter Carro Flex?
Os carros com motor flex, isto é, que funcionam com mais de um tipo de combustível, estão longe de ser novidade.
O Modelo T da Ford, lançado no início do século passado, em 1908, revolucionou o mundo por ser ter sido o primeiro automóvel popular, graças ao eficiente modelo de produção criado por Henry Ford.
O que pouca gente sabe é que o motor do Ford Modelo T funcionava com gasolina, querosene ou etanol.
De lá para cá, no entanto, muita coisa mudou na tecnologia dos automóveis, e só de uns anos para cá, os motores flex se popularizaram no Brasil.
Hoje, a possibilidade de um carro funcionar com diferentes combustíveis se deve ao gerenciamento eletrônico do motor.
Ele funciona a partir de um sensor, que identifica com qual combustível o tanque do veículo foi abastecido.
Como a composição de cada combustível é diferente, as condições de temperatura e quantidade de oxigênio necessárias para ocorrer a combustão também são distintas.
Por isso, é fundamental o trabalho do sensor de identificar qual é a mistura, de modo que a programação eletrônica do veículo ofereça o melhor rendimento possível.
Atualmente, a grande maioria dos veículos novos vendidos no país tem motor flex.
Mas ainda é possível escolher.
Nesse caso, vale a pena ter um veículo que pode ser abastecido com álcool ou gasolina?
Se ignorarmos o benefício de poder escolher e levarmos em conta apenas a qualidade do veículo, será que as adaptações feitas para um carro poder aceitar os dois tipos de combustível não tornam seu funcionamento pior – ou menos eficiente?
Temia-se que os carros flex “beberiam” mais, ou seja, teriam uma autonomia menor.
Entretanto, o que se observou após a popularização dos automóveis dessa categoria foi o contrário.
Para chegar a essa constatação, o site Motorshow fez um levantamento, com base em números do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular.
A conclusão é que todos os modelos que recentemente foram adaptados para aceitar ao mesmo tempo álcool ou gasolina tiveram uma melhora expressiva no consumo.
Foram comparados os resultados de autonomia das versões atuais com gasolina com as versões antigas, que aceitavam apenas esse combustível.
Desse modo, podemos dizer que você não perde em nada tendo um veículo que aceita álcool ou gasolina. Apenas ganha.
Mas se o que você está querendo saber é qual combustível vale mais a pena no seu caso, álcool ou gasolina, a seguir o ajudaremos a tomar essa decisão.
Vantagens e Desvantagens de Cada Combustível
Tradicionalmente, quando se fala em combustível para automóvel, pensa-se na gasolina.
Com a popularização dos carros flex no Brasil, isso começou a mudar.
Ainda mais com as altas recordes que o preço do combustível tradicional vem sofrendo.
Em novembro de 2017, o preço médio da gasolina chegou a R$ 4,023 por litro, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Com a nova alta, o combustível chegou ao maior valor em 2017.
No decorrer de 2017, houve, inclusive, tentativas de suspender, por meio de uma liminar, o aumento na taxa tributária sobre os combustíveis.
Em Volta Redonda, moradores se uniram para boicotar postos de combustível.
Nas bombas da cidade, foi registrado um preço de R$ 4,84 no litro da gasolina.
Mas será que isso tudo significa que o etanol é a melhor opção?
Vamos analisar, a seguir, os prós e contras de cada tipo de combustível para que você decida se o melhor é abastecer seu carro com álcool ou gasolina.
Álcool – Vantagens e Desvantagens
O álcool etílico, também conhecido como etanol, é um combustível que pode ser feito a partir de várias matérias-primas. Para a produção do etanol brasileiro, é utilizada a cana-de-açúcar.
A cana é lavada, picada e moída, de modo que seja extraído seu caldo.
O produto resultante desse processo, a garapa, é aquecida até se transformar em melaço, que passará pelo processo de fermentação e destilação até, finalmente, chegar ao etanol.
A grande vantagem do álcool é o seu preço.
Se você abastecer o tanque do seu carro com etanol, gastará consideravelmente menos do que se usasse gasolina.
O preço médio da gasolina no país, segundo o Sistema de Levantamento de Preços da ANP, ficou em R$ 3,982 em novembro de 2017.
No mesmo período, o preço médio do álcool registrado na venda para os consumidores brasileiros foi de R$ 2,771.
Analisando apenas esses números, você pode estar pensando que, desse jeito, não tem mistério nenhum ao decidir por álcool ou gasolina. O etanol ganha, é claro.
Mas você não deve se precipitar, pois a questão é um pouco mais complexa.
O álcool é mais barato, sim, porém ele rende menos, proporciona uma autonomia menor. Explicaremos melhor a seguir.
Gasolina
Diferentemente do etanol, a gasolina não é um produto feito a partir de uma matéria-prima agrícola, plantada, como a cana-de-açúcar.
Estamos falando, agora, de um combustível derivado do petróleo.
Na explicação da ANP, o petróleo é uma substância que se formou a partir do “acúmulo de material orgânico sob condições específicas de pressão e isolamento em camadas do subsolo de bacias sedimentares”.
O processo que resultou no petróleo, o “ouro negro”, demorou milhares de anos para ser concluído.
Por demandar condições tão especiais para ser formado, o petróleo é um bem finito, não renovável.
Não existe, a nosso alcance, um processo para fabricar essa matéria-prima.
Desse modo, quando acabarem as reservas de petróleo do mundo, não haverá mais como produzir gasolina.
A outra diferença importante entre a gasolina e o etano é a que informamos acima.
A autonomia de um carro com o tanque cheio de gasolina é maior.
Ou seja, com a mesma quantidade de combustível, você pode ir mais longe até precisar reabastecer se estiver usando gasolina.
Mas será que essa eficiência energética é maior a ponto de anular o fator econômico que favorece o álcool?
Mais adiante, faremos cálculos para responder a essa pergunta.
Antes disso, considere que, em alguns contextos, a autonomia maior pode ser uma vantagem independentemente dessa conta.
Por exemplo, se você vai fazer uma viagem longa e não quer se preocupar em ter de procurar um posto de combustível no caminho para abastecer, a possibilidade de andar mais quilômetros depois de encher o tanque é uma vantagem.
Qual Polui Menos?
Pode ser que nenhum dos argumentos citados acima sejam mais importantes para você do que a questão ecológica do combustível.
Se você tem essa preocupação, que é muito importante, será que o combustível que contribui mais para a devastação do meio ambiente é o álcool ou gasolina?
Quanto à emissão de gases, os dois tipos de combustível lançam dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Alguns pesquisadores buscam os detalhes da composição do material expelido pelo escapamento dos carros para comparar e descobrir qual combustível é mais nocivo.
Um estudo da USP, por exemplo, descobriu que a queima da gasolina resulta em uma quantidade maior de nanopartículas, que têm mais potencial para atravessar as barreiras de nosso sistema respiratório.
Outro argumento frequentemente usado em favor do álcool é que ele é um produto renovável.
A cana-de-açúcar, diferentemente do petróleo, pode ser plantada.
Fala-se até mesmo no fato de a cana ser uma planta e, por isso, absorver CO2 para liberar oxigênio no processo de fotossíntese.
Esse processo, no entanto, não é tão sustentável quanto algumas pessoas tentam fazer parecer.
Primeiro porque, para produzir cana em larga escala, é necessário reservar uma grande quantidade de terra à monocultura – muitas vezes desmatando áreas verdes nativas –, o que é prejudicial ao meio ambiente.
Além disso, na colheita da cana é comum o processo de queima das folhas secas e verdes, uma matéria-prima descartável. O resultado disso é a emissão de dióxido de carbono na atmosfera.
Por fim, não podemos esquecer que são usados agrotóxicos nas plantações de cana, substâncias que podem ser prejudiciais para os trabalhadores, para o solo e para corpos d’água próximos às plantações.
Levando tudo isso em consideração, vamos concluir que sustentável mesmo é usar o transporte público ou locomover-se a pé ou de bicicleta.
E aguardar até que os carros elétricos fiquem mais acessíveis, embora sua pegada ecológica não seja tão pequena quanto se supõe (é preciso ter em conta a fonte da energia usada para recarregar a bateria e o descarte dessa parte do veículo).
Qual é Melhor Para o Motor?
É comum ver por aí uma recomendação dada ao motorista que prefere abastecer seu carro flex com álcool.
O conselho é que, a cada 5 mil quilômetros rodados com esse combustível, se encha o tanque com gasolina para limpar os resíduos.
Há quem diga que essa história é mito.
Um artigo do site Best Cars esclarece a questão, atribuindo o problema ao etanol adulterado.
Segundo o site, os produtos usados para adulterar o combustível formam, com o tempo, uma espécie de goma, que é dissolvida pela gasolina.
Há várias outras questões que costumam ser colocadas na mesa quando alguém pergunta qual se o melhor para o motor flex é usar álcool ou gasolina.
As respostas envolvem a manutenção, oxidação, impurezas e sujeira no tanque. Mas a verdade é que não há grandes diferenças.
Não podemos afirmar que usar álcool ou gasolina é melhor para a conservação do motor.
Isso não significa que o motor responde da mesma maneira com qualquer um dos combustíveis.
A diferença existe e o motorista é capaz de senti-la ao dirigir.
Geralmente, o motor tem uma performance um pouco melhor com o etanol.
Ele possui mais torque (capacidade do motor de produzir o movimento giratório) e mais potência, proporcionando uma dirigibilidade mais agradável.
Exemplos e Simulações
Se com todas essas informações você ainda não sabe se deve escolher álcool ou gasolina, o fator financeiro poderá ser o critério de desempate.
Agora, vamos explicar como descobrir qual dos dois combustíveis é mais econômico na prática, considerando o preço do litro no posto e a autonomia que proporciona ao veículo.
O cálculo mais difundido dá conta que o álcool tem 70% da eficiência energética da gasolina.
Ou seja, se um veículo anda X quilômetros com um litro de gasolina, andará 30% menos com o etanol.
A conclusão, portanto, é simples: se o preço do litro do etanol for menor que 70% do preço da gasolina, vale a pena encher o tanque com esse combustível.
Se for maior, a gasolina é acaba sendo mais econômica.
Para dar um exemplo, vamos utilizar os preços médios segundo a ANP, os mesmos que citamos anteriormente nesse texto.
Em novembro de 2017, a gasolina estava custando em média R$ 3,982 segundo a pesquisa da agência.
Agora, basta calcular 70% disso. O resultado é R$ 2,7874.
Segundo os números da ANP, o preço médio do álcool nesse mesmo período é de R$ 2,771.
Com base nesses números, portanto, o etanol é mais econômico, mas por uma diferença muito pequena.
Essa relação, portanto, pode mudar, porque o preço tanto da gasolina quanto o do etanol podem mudar.
Como Calcular o Combustível Gasto em uma Viagem
Se os preços mudarem bastante ou já são muito diferentes desses na cidade onde você mora, como fazer por conta própria o cálculo da porcentagem que utilizamos acima?
É muito simples. Pegue uma calculadora, digite o preço da gasolina e multiplique por 0,7.
O resultado será o valor correspondente a 70% do preço.
Então, basta compará-lo com o preço do litro do etanol na bomba.
Por exemplo, vamos supor que você esteja em um posto de combustíveis em que o litro da gasolina custa R$ 4,09 e o etanol R$ 2,83.
Pegue o 4,09 e faça vezes 0,7. O resultado será 2,863, número maior que os R$ 2,83 que correspondem ao litro do álcool no posto em questão.
Nesse exemplo, portanto, o etanol também oferece o melhor custo-benefício para o motorista.
Mas essa regra do 70% se baseia também em um valor médio, que pode variar de acordo com o modelo do veículo.
Os motores de alguns carros flex fazem uma proporção de quilômetros por litro de etanol maior em relação à gasolina. Pode chegar até a 80%.
Nesse caso, em vez de multiplicar por 0,7, basta fazer vezes 0,8.
Você pode descobrir essa relação enchendo o tanque com álcool ou gasolina, anotando a quilometragem atual registrada hodômetro e o custo do abastecimento, rodando até ficar na reserva e anotando a quilometragem novamente.
Depois, faça o mesmo com o outro combustível.
Mas tome o cuidado de não comparar maçãs com laranjas.
Não faça uma medição em uma viagem, trafegando por rodovias (situação em que o consumo é menor) e outra no acelera e para da cidade.
A partir do resultado, faça uma regra de três para descobrir quantos quilômetros por litro cada combustível rendeu e calcule o percentual de eficiência energética do álcool em relação à gasolina.
E o Diesel?
Antes de mais nada, é importante esclarecer que o óleo diesel não pode ser utilizado nos automóveis total flex.
Os veículos com motor a diesel são diferentes.
Ele também funcionam com a combustão interna, a partir da reação originada da mistura do combustível com oxigênio.
A diferença é que a combustão acontece apenas com a compressão do diesel, enquanto o motor a gasolina ou álcool necessita da faísca proporcionada pela vela.
O motor a diesel tem uma taxa de compressão maior e é conhecido por ser muito mais durável.
Além disso, o consumo é significativamente maior.
Alguns automóveis com motor a diesel fazem até 25 quilômetros por litro, uma marca excelente para um carro de passeio.
E o melhor: o preço do diesel é menor que o da gasolina.
Segundo a ANP, o valor médio do litro em novembro de 2017 era de R$ 3,274 (quase 20% a menos que o da gasolina).
O preço é mais alto que o do etanol, porém como a sua eficiência é bem maior, acaba sendo mais vantajoso.
O problema é que a lei brasileira não permite carros de passeio com motor a diesel no país.
Apenas veículos de carga podem ser movidos por esse combustível.
O curioso é que o Brasil é o único país do mundo com essa lei. Enquanto ela não mudar, não poderemos usufruir das vantagens do motor a diesel nos automóveis.
Se essa proibição deixar de existir (saiba mais sobre o assunto lendo este artigo), prepare seu bolso, pois os carros a diesel têm maior tecnologia e, por isso, são mais caros.
Dica Extra Para Economizar Combustível
Seja qual for o combustível que você escolher para abastecer seu carro flex, é possível economizar adquirindo ou mudando alguns hábitos.
Para aproveitar as dicas a seguir, tanto faz se você usa mais álcool ou gasolina.
Os seguintes cuidados farão seu veículo gastar menos combustível. Confira:
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Use menos o ar condicionado: como o equipamento é operado pelo motor, o consumo é maior quando ele está ligado;
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Calibre os pneus a cada 15 dias: a pressão dos pneus tem influência direta no rendimento do veículo;
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Acelere e freie menos: se você sabe que logo adiante terá de parar em um semáforo, por que acelera nesse curto trajeto? Mantenha uma velocidade constante e você gastará menos combustível;
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Ande na rotação correta: Quanto maior é a rotação, mais combustível o carro está consumindo. A rotação está alta quando o ronco do motor fica mais intenso e agudo. Troque as marchas no tempo correto e procure andar com giros mais baixos.
Quer conferir mais dicas para economizar álcool ou gasolina? Então, não deixe de ver este guia.
Conclusão
Já decidiu se a melhor escolha para abastecer o seu veículo é álcool ou gasolina?
Enquanto o preço do litro do etanol (álcool) na bomba do posto de combustível é menor, o seu rendimento também.
Como não há diferenças tão relevantes na questão ambiental e quanto à saúde do motor, no final, o mais racional é optar pelo combustível que oferece o menor custo-benefício.
Então, considere o preço de cada um nos postos da sua cidade e calcule quão mais barato é o álcool.
Caso a diferença seja maior que 30%, vale a pena encher o seu tanque com ele.
Além de pagar menos, você terá uma dirigibilidade mais agradável.
Mas se o preço do etanol for mais de 70% o da gasolina, fique com o derivado do petróleo.
Seja qual for a sua escolha, mantenha uma velocidade constante e faça as manutenções preventivas para garantir o máximo rendimento de seu automóvel.
Ainda não decidiu se a melhor opção é álcool ou gasolina? Ficou com alguma dúvida?
Então, deixe um comentário abaixo ou entre em contato com nossa equipe.
Referências:
- https://motorshow.com.br/carro-flex-vale-mesmo-a-pena/
- https://veja.abril.com.br/economia/gasolina-sobe-pela-quarta-semana-seguida-e-bate-novo-recorde/
- http://agencia.fapesp.br/estudo-mostra-que-o-uso-de-etanol-nos-veiculos-reduz-a-poluicao-por-nanoparticulas/25785/